À esq. professora Walburgis, diretor Jorge, prof. Casagrande e professora Maria Helena Chagas- acervo professora Ilse Julia Heise Oliveira
Se você foi aluno de português desta professora, eu diria com convicção que se você sabe alguma coisa sobre essa matéria é por causa dela. E por diversos motivos: primeiro porque você morria de respeito por ela, que não dava colher de chá pra ninguém , ou se sabia a matéria ou repetia de ano , mesmo! E as reprovações não eram poucas, naquele ano de 1977, de 40 alunos da sétima série B, somente 16 passaram…Uma coisa que ela detestava ( confidenciado à uma amiga) era ao se aproximar da sala de aula, ver aquele monte de cabecinhas olhando pro corredor, pra ver se ela estava chegando. Dizia ela que ao a avistarem voavam feito ratinhos em desespero e logo se postavam em pé ao lado das carteiras ( se um aluno estivesse sentado, ela não entrava!).Não havia a mínima possibilidade de alguém estar mascando chiclete, pois este iria imediatamente ser grudado pelo próprio aluno no seu cabelo e não era na ponta do cabelo não!Quanto ao método de ensino, esse sim, foi inesquecível:D. Maria Helena adotava um sistema chamado de diagramas. Nós tínhamos que montar as frases, fazendo uma análise de cada elemento dela e colocando esses elementos numa espécie de montagem que separava cada uma das palavras. Começou o ano de uma maneira fácil, mas com o passar do tempo esses diagramas de análise sintática iam se complicando cada vez mais.Quando ela reprovava um aluno, não voltava atrás: em plena época de ditadura reprovou a filha de militar de alta patente.Foi chamada por ele, que exigiu que sua filha passasse de ano ou… Ela nem pestanejou, disse que estava reprovada e fim de conversa!Numa reunião com pais que disseram a ela que era muito rígida como professora estava presente o organizador da Fuvest.Naquele final de ano , a aluna filha do organizador da Fuvest deu um cartão do seu pai para a D. Maria Helena e disse que ele queria falar com ela, pediu que ligasse. Ela não ligou. A menina foi falar com ela de novo, dizendo que seu pai insistia para que ela lhe telefonasse.Ela telefonou. Ele queria que ela fosse trabalhar na organização da Fuvest. Percebendo o comprometimento, a seriedade e sua capacidade profissional , fez o convite. Ela aceitou e lá ficou por muitos anos.Reprovou alunos pelos mais diferentes motivos. Uma filha de um outro militar era um ano mais nova que o resto de sua turma e ela a reprovou, mesmo sendo boa aluna, por achá-la imatura. Ninguém conseguia reverter a decisão . Era uma época em que os professores tinham plenos poderes.Se perguntar a algum aluno do ginásio da década de 1970 , qual o único professor de que se lembra, certamente, Maria Helena Chagas é a resposta.D. Maria Helena faleceu de um câncer, na década de 1980, muito jovem ainda.
Pois é! Eu tive aulas com esta professora, e sim, hoje consigo articular uma sentença, estruturar um raciocínio e até me atrever a compor um texto, mas tenho minhas ressalvas.
ResponderExcluirEnquanto o método tinha lá seu valor, a pessoa em questão carecia de trato com os alunos. Terror não ensina ninguém, muito pelo contrário, devolve ódio e ressentimento pela matéria. Da forma como está no texto, reprovação é coisa boa. Não é! Significa unicamente que o docente não conseguiu que os alunos, no exemplo a maioria, obtivessem o mínimo de domínio com a matéria. Esse índice de reprovação atesta de forma inequívoca o fracasso didático do professor.
Eu acredito na reprovação, quando TODOS os recursos didáticos foram exauridos. Não era essa a forma como certos professores trabalhavam. Simplesmente, a matéria era lançada a partir da mesa de madeira em direção às carteiras. Agarrasse quem pudesse (veja bem, motivação passava longe).
Eu acredito em plenos poderes do docente, mas esse docente deve apresentar qualificação para exercer esse poder. Acima de tudo, o docente deve possuir uma grande paixao pelo ensino e, necessariamente, pelas pessoas (crianças). Também não era o caso! Tenho certeza que no final do ano, a professora em questão não sabia sequer o meu nome.
Não concordo com o texto por uma última vez, pois lembro-me de muitas professoras e professores, entre eles, a homenageada. Contudo, são poucos os que escolhi como exemplo para minha vida docente, o que também não foi o caso com a pessoa em questão.
Uma frase memorável da grande mestra, quando chegávamos da Educação Física, que algum iluminado resolveu colocar como primeira aula:
(bufo) "Que cheiro de galinheiro!"
É disso que me lembro...
As menias usavam uma corrente com um sino,era moda na época,caso ela escutasse o barulho do sininho,segundo ela para chamar cabras, o mesmo era retirado e não mais devolvido.
ResponderExcluirEu também tive aula com essa professora no ano de 1978. Concordo com você, Adelson. Ela não agia de modocorreto com os alunos. Adorava uma boa humilhação. Deus me livre!!!! Conheci muitos professores bons e que respeitavam os alunos. Verdadeiros mestres.
ResponderExcluirConcordo com a Ana Lúcia e o Adelson,tive excelentes professores de Português,como Dona Suzana,Rose,Prof Diniz,os tenho como exemplo.
ResponderExcluirParabéns pela matéria Patrícia,porém discordo que ela fosse boa professora.
Bem lembrado, Deborah. Professora Rose foi uma excelente professora.
ResponderExcluirPatrícia,
ResponderExcluirclaro que os métodos da Maria Helena Chagas eram, digamos, rudimentares. rs E as aulas, provavelmente, atingiam poucos alunos.
Mas o sentido geral de seu texto é preciso: para quem gostava da matéria e se envolvia nas aulas, é impossível esquecê-la. Ou esquecer que, graças às aulas dela na sexta, sétima e oitava séries (o curso de língua e literatura no colegial foi sofrível), tive boas notas de português no vestibular e entrei com facilidade na faculdade.
Desde que saí da Caetano, em 81, meu trabalho é basicamente ler e escrever, ler e escrever.
Não há frase que eu leia, ouça e escreva e que não me faça pensar nos diagramas. Em outras palavras: enxergo a língua portuguesa por meio de diagramas; toda minha consciência linguística vem daí, e dessa consciência vêm meu trabalho, meu salário, meu divertimento.
Maria Helena Chagas não foi a melhor, mas foi a professora mais importante em toda minha formação escolar. De longe.
Beijos,
Júlio
Graças a Deus não lembro dessa professora nem de seu método. Lembro dos boatos de que ela era muito rígida (assim como o Biral de Frances ...esse infeliz eu lembro). Sim, talvez lembro de algumas aulas dela onde o pânico tomava conta da aula e nada se aprendia de prático por conta do pavor. Um horror. Já o Professor de ginástica, Casagrande, na foto, esse sim aparentava ser mais amigo, com o jeito dele e, talvez, nas possibilidades que a escola lhe dava. A Prof Ilse, também, deixou saudades. Ilse e Casagrande, Obrigado.
ResponderExcluirEu, particularmente dedico à Professora Maria Helena Chagas o meu aprendizado na língua portuguesa. Não me recordo, em nenhum momento, da fama de rude, perversa e severa, ou de qualquer outro adjetivo que desmerecesse o seu trato com os alunos. Pode ser falha de memória, mas não tem importância! Hoje eu devo a ela e a outros professores, ao longo do meu tempo de estudante a segurança de saber bem a nossa língua e a respeito por isto. Para mim ela foi a melhor professora de português que tive e se outros professores foram tão importantes ou se eu segui adiante sem me preocupar em ficar de recuperação, com certeza, foi porque a Chagas era do jeito que era e eu soube me adaptar (imagino que sim!) enquanto ela foi minha professora.
ResponderExcluirSinto saudades desse tempo, pra mim, Maria Helena Chagas foi a melhor professora de português que conheci. Tudo o que aprendi, jamais esqueci, tenho muito respeito por seu trabalho e competência. Foi um privilégio ter sido sua aluna.
ResponderExcluirEu também me recordo de todos estes comentários a respeito da profa. Maria Helena, mas tive uma experiência ímpar com ela. Certa vez, num trabalho em grupo, sentei-me de costas para ela. De repente, senti alguém acariciando meu cabelo (eu usava um rabo-de-cavalo)...no mesmo instante, pude ver a cara de espanto dos meus colegas - parecia até que havia um monstro atrás de mim. Quando me dei conta de que era "ela", fiquei petrificada...assim como meus colegas, eu também não entendia o que estava acontecendo alí. Depois deste episódio, passei a ser vista como uma espécie de heroína pela turma...aquela que, de certa maneira, descongelou - mesmo que por alguns segundos - o coração de pedra daquela mulher. A partir daí, passei a vê-la com outros olhos. Esta é realmente uma boa lembrança...
ResponderExcluirEu também me recordo de todos estes comentários a respeito da profa. Maria Helena, mas tive uma experiência ímpar com ela. Certa vez, num trabalho em grupo, sentei-me de costas para ela. De repente, senti alguém acariciando meu cabelo (eu usava um rabo-de-cavalo)...no mesmo instante, pude ver a cara de espanto dos meus colegas - parecia até que havia um monstro atrás de mim. Quando me dei conta de que era "ela", fiquei petrificada...assim como meus colegas, eu também não entendia o que estava acontecendo alí. Depois deste episódio, passei a ser vista como uma espécie de heroína pela turma...aquela que, de certa maneira, descongelou - mesmo que por alguns segundos - o coração de pedra daquela mulher. A partir daí, passei a vê-la com outros olhos. Esta é realmente uma boa lembrança...
ResponderExcluirEu também me recordo de todos estes comentários a respeito da profa. Maria Helena, mas tive uma experiência ímpar com ela. Certa vez, num trabalho em grupo, sentei-me de costas para ela. De repente, senti alguém acariciando meu cabelo (eu usava um rabo-de-cavalo)...no mesmo instante, pude ver a cara de espanto dos meus colegas - parecia até que havia um monstro atrás de mim. Quando me dei conta de que era "ela", fiquei petrificada...assim como meus colegas, eu também não entendia o que estava acontecendo alí. Depois deste episódio, passei a ser vista como uma espécie de heroína pela turma...aquela que, de certa maneira, descongelou - mesmo que por alguns segundos - o coração de pedra daquela mulher. A partir daí, passei a vê-la com outros olhos. Esta é realmente uma boa lembrança...
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ResponderExcluirLembro-me muito da Profa. Maria Helena. Aprendi muito com ela !! Muito mesmo!! Hoje percebo a importância do conhecimento da estrutura da Língua Portuguesa na comunicação eficiente, prncipalmente no ato de REDIGIR TEXTOS.
ResponderExcluirMe lembro bem da Prof Maria Helena, mas infelizmente não são boas as recordações! Fui uma das primeiras vitimas do chicletes ....e era boa aluna tb... Mas aqueles diagramas me matavam. Mas a pior coisa q ela como educadora fez, foi me deixar de 2a época na 8a série, o q me impediu de participar da formatura. Tive q buscar meu diploma na secretaria. Atitude imperdoável, visto q a turma seguia junta desde o Jd da Infância. Por muitos anos "odiei-a" ! Hoje não guardo nenhum sentimento em relação a ela e apesar de tudo, reconheço q se escrevo bem português, tem a ver com ela, mesmo q esse fato seja fruto de toda a humilhação, terror e bullying que ela deixou marcados a ferro e a fogo nos alunos a quem não simpatizava.
ResponderExcluirLamento o final doloroso com a doença, mas hoje, como psicóloga, arrisco a dizer q o câncer q ela desenvolveu muito provavelmente teve a ver com o estilo de vida, pensamentos, crenças e valores q ela carregou.