quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Maestros e Canto Orfeônico na Escola

Em 12 de marco de 1906, foi inaugurado o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, por iniciativa de Pedro Augusto Gomes Cardim, irmão de Carlos Gomes Cardim, e de João Gomes de Araújo, pai de João Gomes Junior, professor de música na Escola Normal. A finalidade dessa instituição era a de sistematizar o ensino na cidade, pois a efervecência musical da época exigia uma escola de música compatível a uma adequada formação profissional de músicos e professores. Nessa escola, por exemplo, estudou Mário de Andrade, que posteriormente tornaría-se professor de música na própria escola. O professor Carlos Gomes Cardim , tinha uma catedra de música nessa escola, além de dirigi-la.







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As décadas de 1930 e 1940 representaram um dos momentos mais significativos na história da educação musical em nosso país, pois foram assinaladas por iniciativas e ações de educadores e dirigentes, com a finalidade de implantar o ensino de música nas escolas em âmbito nacional.
Villa-Lobos concebia um perfil de cidadão brasileiro que se ajustava ao perfil desejado pelo Governo de Getúlio Vargas (1930-1945) e foi capaz de propor que pelo Canto Orfeônico, fossem inculcados os valores morais e cívicos necessários ao povo. Compondo obras que enalteceram a brasilidade, incorporando elementos das canções folclóricas, populares e indígenas. Seu método pedagógico permitiam às crianças gritar, bater palmas e bater com os pés durante os ensaios.




                                           Canto Orfeônico dirigido por Villa Lobos em 1942


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 Porém naquela época o estudo de Música e o Canto Orfeônico já estava em pleno funcionamento na Escola Normal, desde 1890, quando Caetano de Campos assumiu a direção da Escola. Portanto, o ineditismo do ensino de Música e Canto Orfeônico, em escolas públicas,  é erroneamente dado ao projeto de Villa-Lobos.
Pelo Decreto Federal n* 981, de 28 de novembro de 1890, era previsto a exigência de professor especializado para o ensino musical no âmbito escolar.
A partir da Reforma de Rangel Pestana- Lei n* 81 , de 6 de abril de 1887- estabeleceu-se o canto coral como atividade obrigatória, sob a responsabilidade de professoras normalistas, após o decreto n* 27 de 12 de marco de 1890 determinou a obrigatoriedade  do ensino da música no curriculos dos cursos de professores da Escola Normal e nas séries iniciais par alunos de 7 a 10 anos.
O programa abarcava conhecimentos de teoria, solfejo e canto coral.
Em 1896, sob a influência no campo da Pedagogia, sobretudo no Jardim de Infância anexo à Escola Normal Caetano de Campos, cuja educação das crianças fundamentava-se nas propostas de Fröebel , a música assume a feição de mediar os jogos e as atividades educacionais.
A partir de 1911, a música adquire um estatuto fundamental na formação dos normalistas de São Paulo, pois passa a compor o currículo durante todos os quatro anos do curso de formação, com aprofundamento dos estudos musicais e a realização de provas oral e escrita nos exames de suficiência.




1911- Branca Canto e Mello- professora formada pela escola Normal, depois deu aulas de Latim e História no primário e ginásio, além de ser uma das primeiras mulheres na década de 1930 participantes de movimentos pelo direito feminino ao voto.

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Os precursores dos Orfeões Paulistas foram João Gomes Júnior ( 1868-1963) e Carlos Alberto Gomes Cardim (1875-1938), que em 1926 publicaram o livro O Ensino da Música pelo Método Analítico plicando os processos da lingual portuguesa à aprendizagem musical.

Partitura com músicas pelo método Analítico de Carlos Gomes Cardim e João Gomes Junior


                                           Prof. Carlos Alberto Gomes Cardim


                                                         Maestro João Gomes Junior

Desde as suas primeiras iniciativas de organizar métodos e materiais de ensino de música adequando-os aos novos princípios da escola republicana, o maestro João Gomes Junior gozou do apoio de alguns profissionais, que pouco a pouco aderiram às discussões e debates, contribuindo para a área do ensino musical das escolas públicas. Entre eles podemos citar a família Gomes Cardim, professor Luigi Chiafarelli, Fabiano Lozano, João Batista Julião, Honorato Faustino ( formado pela Escola Normal, foi diretor também), Antonio Carlos, José Carlos Dias, José Ivo( Escola Normal, compôs o Hino Salve Escola com Romão Puigari, também da Escola Normal) nomes que estão ligados a criação de instituições de ensino de música especializado, como também a produção de ma- terial didático e pedagógico.



O maestro e professor João Gomes Jr. do Conservatório Dramático e Musical, já atuava nas escolas públicas paulistas desde 1893, buscando adequar o ensino musical ao método intuitivo. Como resultado, elaborou diversos métodos e compêndios, entre os quais destacamos “Orpheon Escolar ( 1922); Cantigas da minha terra ( 1924); Canções Brasileiras ( 1926) ; Solfejo Escolar ( 1926) e Aulas de manosolfa (1929).
Essas aulas permaneceram por toda a década de 1930, e eram dadas principalmente para as crianças do ginásio.


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O maestro João Batista Julião mantinha em sua escola o Instituto Musical de São Paulo, fundado em 7 de julho de 1927 um Curso Geral de Professor de Música e Canto Orfeônico. Posteriormente cria, em 1949 o Curso de especialização de Professores de Canto Orfeônico, anexo ao Instituto de Educação Caetano de Campos, o primeiro em São Paulo, de âmbito estadual, aproveitando a situação política favorável e as exigências legais do Curso Normal, que previa a especialização de professores primários. Em 1963, esse curso passa a integrar o Conservatório Estadual de Canto Orfeônico de São Paulo – CECO-SP criado no prédio da Pinacoteca e , posteriormente, Faculdade de Música Maestro Julião,
momento que integrou a Universidade Estadual Paulista UNESP. Atualmente é o Instituto de Artes da UNESP.



Na Escola também tiveram destaque, o maestro Rivadávia Luz, Mozart Tavares de Lima, Mary Buarque, que foi a primeira radialista no programa infantil em 1932, com o programa "Pequenópolis", na Rádio Cosmos, era compositora e professora de música , Frederico de Chiara, João da Cunha Caldeira Filho e Ruy Botti Cartolano.

Esse livro com música do maestro De Chiara, teve letras escritas pela professora do Jardim de infância da década de 1930 Alice Meirelles Reis.



                           De Frederico De Chiara- Cantigas de Roda para uso das escolas



                                Ruy Botti Cartolano e João da Cunha Caldeira Filho

A Educação Musical foi extinta pela lei no 5.692, de 11 de agosto de 1971 (Brasil, 1971), que obrigou a inclusão da Educação Artística nos currículos de 1o e 2o graus.
Porém na escola continuaram a ser ministradas as aulas dos Hinos no ginásio com o último de seus maestros: prof. Ruy Botty Cartolano . As normalistas tinham regularmente aulas com ele no seu curriculo, até o fechamento da Escola na Praça da República em 1977.


Fonte:




Gilioli, R de S.P.- “Civilizando pela música”: a pedagogia do canto orfeônico na escola paulista da primeira república (1910-1930). Dissertação Mestrado  em Educação FE USP -2003

Jardim , V.L. G.- Os sons da República : o ensino da
música nas escolas públicas de São Paulo na primeira república- 1889-1930- dissertação de mestrado em Educação- Fac. De Educ. Da PUC SP-2003

Hilsdorf, M.L.S.- Francisco Rangel Pestana: jornalista, politico, educador-1986- tese de doutorado em Educ. Fac. De Educação da USP









Um comentário:

  1. Artigo muito interessante e que deveria ser divulgado, dada a importância do ensino de música nas escolas. Hoje esquecido, ou problematizado, em função de desastrosa medida do Ministro da Educação. Ele deveria ter lido este artigo antes de enviar carta às escolas.

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