Estava aplicada em copiar as lições do quadro negro, em plena aula da manhã, quando uma poeira começou a surgir nas folhas brancas de meu caderno. Limpei e não dei muita atenção, continuei escrevendo. Porém, em segundos a poeira tornou-se grãos e os grãos viraram pequenos pedaços de estuque que desprendiam do teto diretamente para minha carteira. Em pouco tempo estávamos todos olhando para cima aguardando o desenrolar dos fatos...
O que era um pequeno buraco no teto foi ligeiramente alargado por um dedo,que se nos expôs tal qual minhoca adolescente em plena luz da manhã. Retirado o dedo,veio a surpresa:dois pequenos pés, seguidos de tíbias, fêmures, pelve, tórax, braços,mãos e crânio:Pronto!
Lá estava uma caveirinha de plástico, branquinha (provavelmente daquelas que fosforescem no escuro) pendurada por um fio de nylon, que foi chacoalhada, dançou no ar por poucos minutos e foi retirada rapidamente pelo autor da façanha.
Todos demos muitas risadas. Foi inédito! Confesso que senti uma admiração enorme –quase uma pontinha de inveja- pelo dono do “feito”,pelo seu grau de “atrevimento” e “transgressão” em furar o teto e pendurar uma caveirinha. Mal sabia eu que no futuro eu veria esqueletos de verdade na faculdade de medicina. Ainda bem que eles não dançaram na aula de anatomia!!!
Glaura M A Lisboa