dep. Rui Codo à esq. Prof. Fabio, à direita. |
Dos ex-alunos que estudaram na primeira série do Caetano de Campos em 1971, e se formaram do ginásio em 1978 no período da manhã, em homenagem a todos que estudaram ou trabalharam na maior Instituição Pública de Ensino de São Paulo.
quarta-feira, 30 de março de 2011
Prof Fabio de Barros Gomes
O Prof Fábio de Barros Gomes, foi diretor superintendente do Instituto de Educação Caetano de Campos de 1972 a 1976. Foi nomeado pela então Secretária de Educação Esther de Figueiredo Ferraz, foi o mais jovem diretor da escola, pois assumiu o posto aos de 32 anos de idade.Era o cargo máximo na escola e foi responsável pela administração do Jardim de infância ao Colegial,incluindo o curso Normal. Passados 40 anos, com disposição e memória fantásticas me concedeu esta entrevista , que por mais que tentasse, não consegui editar reduzindo tão importante depoimento, pois como voces poderão ver tudo o que ele declarou sobre os bastidores daquela escola , assim como ele se posicionou em relação a quase demolição da edificação e posterior mudança do Caetano de Campos para outros 2 prédios são surpreendentes.
Ele começa então me contando qual foi a primeira coisa que fez ao assumir o cargo: a transferência da biblioteca Paulo Bourrou do primeiro andar para o Segundo, devido a um problema de contaminação por descupinização e começa descrevendo a busca por um espaço amplo para a relocação desta com a descoberta de salas desperdiçadas usadas como depósitos e usos inadequados.
sexta-feira, 25 de março de 2011
Livro Baixinha de uma figa,não!
Livro sobre os anos 60 e 70, com seus costumes e peculiaridades, muitas histórias passadas no Caetano de Campos, uma das maiores instituições de ensino do nosso país, muitos colegas que aparecem neste blog são citados no livro, é pra rir e sentir saudades...
domingo, 20 de março de 2011
Ubirajara Praieiro de Alencar
Quem é que não se lembra do lendário Ubirajara. Ele era o cara que sempre pegava a gente no pulo quando estávamos aprontando alguma coisa.
Ninguém sabia ao certo o cargo do homem: seria o secretário ou assistente do prof Fábio, nosso diretor?
Seria um segurança? Um espião governamental plantado para pegar criancinhas subversivas? Tinha gente que chegava até a pensar que ele próprio era o diretor , como apareceu na história do esqueleto dançarino ,postado aqui no blog,mas acho que era um tipo de “braço direito”do diretor, os olhos do homem, que realmente circulava pela escola para ver se estava tudo em ordem.
Temos inúmeras histórias para contar sobre essa figura tão controversa, a minha, inesquecível se passou em 1977, quando estávamos na sétima série e o último ano que estudamos ali na Praça.
Tínhamos normalmente de 4 a 5 aulas por dia. Não sei por que cargas d”água alguém levou um baralho para a escola e começou a ensinar poquer para os colegas. Não passou uma semana, tava a classe inteira viciada. A coisa começou a se profissionalizar. Apareceram vários baralhos e fichas foram providenciadas.
Nos dias de 4 aulas juntavamos as carteiras de fórmica verde, formando várias mesas e aí a jogatina corria solta.
Eu me lembro de várias vezes ter me sentado ao lado do Eduardo e a gente se divertia muito. Sempre ficava um colega de prontidão espiando de vez em quando pra ver se o Ubirajara não aparecia, era o nosso maior medo! A gente combinou que se ele entrasse de sopetão era pra fazer cara de paisagem e fingir que estávamos fazendo trabalho em grupo.
Nossa alegria daqueles dias felizes não durou muito: o homem apontou lá no fundo do corredor, o colega viu, deu um grito, todo mundo no desespero jogou tudo o que tinha na mesa no chão e quando o homem adentrou no recinto, fizemos aquela cara de “poker face” ( paisagem) misturado com pavor e ele sem levantar a voz perguntou: mas o que é que está acontecendo aqui? Silêncio total, ele pegou os mais apavoradinhos , entre eles eu e liberou, fui correndo pegar o busão pra casa e nunca mais quis saber de jogo, o resto ficou e e até hoje eu não sei o que aconteceu, quem souber do fim da história que me conte…
Patrícia.
Sem aula? Futebol no pátio!
O episódio aconteceu entre a 6ª. e 7ª. séries.
Num determinado dia ficamos sem uma das aulas, de forma que fomos liberados até a aula seguinte.
O que fazíamos nessas ocasiões? Invariavelmente íamos até o pátio para jogar futebol.
Bom, futebol era o esporte que mais se aproximava, haja visto que não tínhamos uma bola. Normalmente a bola era uma garrafa plástica de suco, ou então uma das obras de arte do Marcos d´Ávila: uma bola feita de várias camadas de papel e durex ! Esta, por sinal, incomparavelmente melhor que a garrafa plástica, um verdadeiro trabalho de artesão!
Pois bem, nesse dia fizemos a marcação das traves com algumas blusas, e estávamos a jogar animadamente e gritando, quando alguém olhou para uma das janelas do 3º. andar, avistou o Ubirajara e deu o alerta: “- Olha o Bira pessoal, corre !” (até porque, entre explicar que estávamos sem aula, e não cabulando, ninguém parou para pensar – acho que foi puro reflexo!)
Foi um verdadeiro voa barata! Lembro-me que estavam conosco o Alex Pavloff, Marcos d´Ávila, acho que o Victor Hugo, o Braga, o Marcos Jun e outros colegas. Cada um correu o quanto pôde e se escondeu – ou se refugiou num local onde não era possível ser avistado pelo Ubirajara.
Vimos então ele descer até o pátio e recolher as blusas, largadas por aqueles que se voluntariaram a deixá-los como trave – inclusive este narrador.
Pois bem, o destino dos casacos certamente era a Diretoria. E agora? Como recuperá-los? Possivelmente para cada um que lá aparecesse levaria um sermão do Ubirajara.
Lembro-me de ter deixado meu casaco por uns dois ou três dias – sem dizer nada em casa. Até que fui até a Diretoria e disse que tinha esquecido minha blusa na sala de aula, e queria saber se foi recolhido e se estaria por lá. A funcionária (não me lembro quem) falou: - é algum desses daí? Localizei a minha blusa, agradeci e saí de fininho.
E os demais, recuperaram também suas blusas? Isso fiquei sem saber até hoje...
Kenny.
Todo mundo um dia foi criança...
1969 - Brinde dado às crianças do jardim por ocasião da festa da pipoca.
1969- Furo de reportagem: O desenho acima, do Kenny, foi descoberto depois de 42 anos na pasta da Anna Paula.
1969 - Anna Paula
1969 - Patrícia e seu auto-retrato
1969 - Patrícia (vai ver que é por isso que virei artista plástica!).
quarta-feira, 16 de março de 2011
O passado vira presente em um click.
Em dezembro de 2010, fui ao Caetano de Campos para o lançamento do livro da Wilma Legris sobre a nossa escola nos anos 60. Aliás ,foi naquele dia que decidi ir atrás de todos os colegas da nossa turma. A Wilma criou um blog: ieccmemorias.wordpress.com, leiam a seguir:
Amigos leitores:
Abro o meu blog e com muita surpresa e emoção leio estas duas mensagens em ordem inversa; são de pessoas caras a mim que puderam se encontrar porque a Internet faz milagres – tecnológicos, mas faz!
Ambas estiveram no pré-lançamento do meu livro; elas devem ter até conversado numa mesma rodinha sem que houvesse um reconhecimento imediato: afinal as menininhas de 5 anos crescem e as professorinhas jovens viram senhoras.
Assim, apresento-lhes Patrícia Golombek já que vocês já foram apresentados à Maria Lúcia Camargo França visto que ela colabora semanalmente conosco.
Patrícia foi aluna do Jardim do IE Caetano de Campos em 1969 e a LU foi professora da sua turma naquela época.
Quando fui a São Paulo para publicar meu livro a menininha do Jardim conseguiu meu telefone, por meios que até hoje ignoro, e entrou completamente na minha vida.
Ambas estiveram no pré-lançamento do meu livro; elas devem ter até conversado numa mesma rodinha sem que houvesse um reconhecimento imediato: afinal as menininhas de 5 anos crescem e as professorinhas jovens viram senhoras.
Assim, apresento-lhes Patrícia Golombek já que vocês já foram apresentados à Maria Lúcia Camargo França visto que ela colabora semanalmente conosco.
Patrícia foi aluna do Jardim do IE Caetano de Campos em 1969 e a LU foi professora da sua turma naquela época.
Quando fui a São Paulo para publicar meu livro a menininha do Jardim conseguiu meu telefone, por meios que até hoje ignoro, e entrou completamente na minha vida.
As cartas que seguem abaixo, na devida ordem de envio, dar-lhes-ão uma ideia do que significa reencontrar pessoas que nos marcaram.
Boa leitura,
Wilma.
Querida Wilma
Boa leitura,
Wilma.
Querida Wilma
Recebi este Email de uma caetanista, Patricia Golombek, aluna do Jardim da Infância, na minha época de professora, ela reconheceu sua turma naquela foto em que fomos passear numa granja.
Fiquei muito emocionada com todas as lembranças que me trouxe de volta, um passado esquecido em algum lugar da memória.
Gostaria muito que passasse para seu Blog, pois faz parte desta história que estamos querendo reviver e reencontrar.
Obrigada
Beijos saudosos
Fiquei muito emocionada com todas as lembranças que me trouxe de volta, um passado esquecido em algum lugar da memória.
Gostaria muito que passasse para seu Blog, pois faz parte desta história que estamos querendo reviver e reencontrar.
Obrigada
Beijos saudosos
Maria Lucia, qual não foi minha surpresa ao me deparar no blog da Wilma com uma foto com todos meus colegas em 1969, num passeio a uma granja no jardim da infância! Estudei de 69 a 78, quando me formei do ginásio, porém minha turma que foi ” despejada” do prédio da Praça , teve que se formar em outras 2 unidades para onde a escola se mudou.No final do ano passado fui apresentada à Wilma, pois como ela eu escrevi um livro que tinha como pano de fundo a escola. O meu livro fica pronto amanhã e eu conto hostórias sobre como era a vida nos anos 70, na visão de uma criança que apesar de viver durante a ditadura militar , não fazia a mais pálida idéia do que estava acontecendo politicamente em nosso país: minha geração passou ” batido”.Ao entrar depois de 33 anos no prédio para o lançamento do livro da Wilma, um mar de emoções tomou conta de mim: saudades, perplexidade( tinham tirado até o elevador de porta pantográfica!), salas cheias de divisórias, pátios modificados, banheiros reformados com azulejos de gosto duvidoso, que tristeza!Pra piorar, quando acabou a cerimonia do lançamento e vi vários colegas cumprimentando a Wilma , percebi que eu não tinha turma!Chorei durante toda a cerimonia, pois foi muito emocionante ouvir as pessoas contando sobre o tempo que estudaram lá. Sai da escola ” passada”! No domingo seguinte procurei um colega chamado Marcelo que ficou muito feliz em me ouvir. Comecei a procurar a turma, em 2 meses achei 85 colegas, que como eu entraram em 71 na primeira série e terminaram a oitava em 78. Tenho colegas da classe A, B e alguns da C.Criei um blog: www.caetanistas78.blogspot.com somente sobre esta turma, uma maneira de consolidar essa reunião. Todos começaram a me mandar fotos. Comecei a postá-las e me vi em fotos inéditas, tesouros escondidos por mais de 30, 40 anos nos guarda-roupas das mães! Entre no blog e veja nas fotos da Cecília a visita a granja. Era a turma da D Ezer, certo? Naquela época eu estava na turma da D Célia, no período da tarde. Voce poderia me telefonar, queria te fazer umas perguntas, um abraço
Patrícia Golombek
Olá Patrícia
Fique muito emocionada ao me deparar com seu email. Quando mandei aquelas fotos para a Wilma, apenas para mostrar um pouco mais da minha história como caetanista, jamais pensei que fosse reconhecida por uma aluna daquela época.
1969, foi meu último ano como professora no Jardim da Caetano, onde comecei a lecionar em 1964, depois de ter me formado no curso de Expecialização Pré-Primária.
Entrei no IECC, em 1951, no primeiro ano primário e de lá só saí, em 1969, pois na época, financeiramente, era mais vantajoso trabalhar em escola particular. Mas como morava na Av.S.Luiz, continuei a ir visitar minhas colegas e a tão querida D.Irene, que muito me ensinou, no início de minha carreira, até me mudar em 1971, para Perdizes, onde moro até hoje.
Também em 1969, o governo formulou uma lei, que dava direito, à substituta-efetiva que tivesse trabalhado com classe nos últimos 5 anos, seria automaticamente efetivada, e foi o que aconteceu, com a Cida, a Nancy, eu perdi essa oportunidade por 3 meses, e me desanimei, outra chance dessa de ser efetivada na Caetano de Campos, nunca mais, pois mesmo que prestasse concurso, não tinha a menor possibilidade de escolher esse local.
Entrei no IECC, em 1951, no primeiro ano primário e de lá só saí, em 1969, pois na época, financeiramente, era mais vantajoso trabalhar em escola particular. Mas como morava na Av.S.Luiz, continuei a ir visitar minhas colegas e a tão querida D.Irene, que muito me ensinou, no início de minha carreira, até me mudar em 1971, para Perdizes, onde moro até hoje.
Também em 1969, o governo formulou uma lei, que dava direito, à substituta-efetiva que tivesse trabalhado com classe nos últimos 5 anos, seria automaticamente efetivada, e foi o que aconteceu, com a Cida, a Nancy, eu perdi essa oportunidade por 3 meses, e me desanimei, outra chance dessa de ser efetivada na Caetano de Campos, nunca mais, pois mesmo que prestasse concurso, não tinha a menor possibilidade de escolher esse local.
Naquela época, como as salas de aula eram enormes, 3 delas, cabiam 8 mesas, dispostas em círculo, com 8 cadeirinhas cada uma, portanto, eram 64 crianças dentro de um mesmo ambiente. Era impossível uma única profressora tomar conta e ensinar a esse número, assim as classes foram desdobradas em 2, mas como não podiam 2 professoras efetivas darem aula numa mesma sala, fomos nós, as substitutas efetivas, que auxiliaram nessa tarefa, então, a prof. Ezer e eu trabalhamos juntas, na mesma sala por 3 ou 4 anos, no início era para cada uma dar aula para 4 mesas, mas vimos que era impossível ensinar dessa forma, assim, nos revesávamos nas atividades orais e nos ajudávamos nas ativiadades gráficas, cuidando as 2, de toda a sala.
A nossa era a que ficava à esquerda da sala da Diretoria. Na da frente, ficava uma professora, que infelizmente não me lembro o nome, e a substituta era M.Aparecida, a Cida.
A outra sala grande era a da D.Geny e a substituta se não me engano era a Nancy; em frente ao banheiro tinha uma sala pequena que era da prof.Maria.
Não se esqueça, que para mim, são passados 42 anos, desde que sai, e muitos detalhes se perderam com o passar dos anos, também, teve a Janete, a M.José, a irmã dela, a M.Augusta e a Nair, que foi quem me levou para “O Balãozinho Vermelho”, em 1968, então eu trabalhava de manhã na Caetano e a tarde, no Balão.
A nossa era a que ficava à esquerda da sala da Diretoria. Na da frente, ficava uma professora, que infelizmente não me lembro o nome, e a substituta era M.Aparecida, a Cida.
A outra sala grande era a da D.Geny e a substituta se não me engano era a Nancy; em frente ao banheiro tinha uma sala pequena que era da prof.Maria.
Não se esqueça, que para mim, são passados 42 anos, desde que sai, e muitos detalhes se perderam com o passar dos anos, também, teve a Janete, a M.José, a irmã dela, a M.Augusta e a Nair, que foi quem me levou para “O Balãozinho Vermelho”, em 1968, então eu trabalhava de manhã na Caetano e a tarde, no Balão.
Havia também, a Sala Ambiente, que ficava bem em frente do corredor, nessa sala, nós levávamos os alunos para ouvirem histórias, fazerem teatrinho, assistirem filmes e fantoches.
Não me recordo bem o ano, mas D.Irene resolveu, que precisava ter uma professora nessa sala, para arrumá-la e aos arquivo, para contar as histórias e trabalhar com as crianças. Então, uma classe por vez, dividindo as grandes, iam a essa sala, para ouvir as ” tradicionais histórias da carochinha “, assistirem à projeção de “slides”, inventarem a suas próprias histórias, trabalharem com os bonecos, apresentando para os colegas, ” lerem” os livros de histórias, colorirem.
Para assumir essa sala, num sábado de manhã, foi feito uma testagem com todas as professoras, da manhã e da tarde, depois dado o resultado, felizmente a escolhida fui EU. Foram dois anos deliciosos, pois pude usar de toda a minha criatividade, para planejar esses encontros com os alunos, para que não ficassem repetitivos, para que os alunos gostassem desses momentos e esperassem por ele ansiosamente.
Não me recordo bem o ano, mas D.Irene resolveu, que precisava ter uma professora nessa sala, para arrumá-la e aos arquivo, para contar as histórias e trabalhar com as crianças. Então, uma classe por vez, dividindo as grandes, iam a essa sala, para ouvir as ” tradicionais histórias da carochinha “, assistirem à projeção de “slides”, inventarem a suas próprias histórias, trabalharem com os bonecos, apresentando para os colegas, ” lerem” os livros de histórias, colorirem.
Para assumir essa sala, num sábado de manhã, foi feito uma testagem com todas as professoras, da manhã e da tarde, depois dado o resultado, felizmente a escolhida fui EU. Foram dois anos deliciosos, pois pude usar de toda a minha criatividade, para planejar esses encontros com os alunos, para que não ficassem repetitivos, para que os alunos gostassem desses momentos e esperassem por ele ansiosamente.
Li o seu Bolg e fique arrepiada com as lembranças, que as palavras foram me trazendo de volta.
As capinhas vermelhas com o nome da criança para a professora identificar e com uma figura, para a própria criança reconhecer a sua.
Assim que as crianças estavam na sala, depois de entrar silenciosamente em fila e sentarem em seus lugares, eu ou a Ezer, íamos até o armário onde ficavam guardadas e mostrávamos uma a uma, a criança se levantava, pegava a capinha e a colocava no encosto da cadeira. Nessa capinha, cada criança tinha seu material individual, lápis colorido, preto, cola, borracha, canetinhas coloridas.
No final do período, as criança, depois de guardar o material e fechar o ziper, colocavam empilhadas no meio da mesa, então, nós as pegávamos para guardar no armário.
Toda sexta feira elas iam para casa, para serem lavadas e trazidas, limpinhas, na segunda feira, quando os pais aproveitavam para arrumar o material ou completar alguma coisa que estivesse faltando. Como eles colaboravam conosco, igualzinho como é nos dias atuais, onde eles mandam e ainda dizem aos filhos que somos empregadas deles. Era Deus no céu e a professora na terra, o que ela falasse estava falado. Havia muito respeito entre pais, professores e alunos.
As capinhas vermelhas com o nome da criança para a professora identificar e com uma figura, para a própria criança reconhecer a sua.
Assim que as crianças estavam na sala, depois de entrar silenciosamente em fila e sentarem em seus lugares, eu ou a Ezer, íamos até o armário onde ficavam guardadas e mostrávamos uma a uma, a criança se levantava, pegava a capinha e a colocava no encosto da cadeira. Nessa capinha, cada criança tinha seu material individual, lápis colorido, preto, cola, borracha, canetinhas coloridas.
No final do período, as criança, depois de guardar o material e fechar o ziper, colocavam empilhadas no meio da mesa, então, nós as pegávamos para guardar no armário.
Toda sexta feira elas iam para casa, para serem lavadas e trazidas, limpinhas, na segunda feira, quando os pais aproveitavam para arrumar o material ou completar alguma coisa que estivesse faltando. Como eles colaboravam conosco, igualzinho como é nos dias atuais, onde eles mandam e ainda dizem aos filhos que somos empregadas deles. Era Deus no céu e a professora na terra, o que ela falasse estava falado. Havia muito respeito entre pais, professores e alunos.
E as festas? Páscoa, Indio, Dia das Mães, Juninas, Dia dos Pais, do Soldado, Primavera, entre outras, e finalmente Natal.
Enquanto eram planejadas e ensaiadas, nos pareciam uma loucura, as músicas a serem memorisadas, as danças para aprender os passos, aquele número imenso de crianças, dias e dias de repetição.
Mas, quando chegava a hora da festa, todas as crianças vestidas à carater com suas professoras, com seus impecáveis aventais rosas, entravam em fila no pátio e iam formando círculos, paralelas, o que tivesse sido ensaiado. Em volta, sobre as muretas, nos degraus das escadas os pais, irmãos, avós, tios se colocavam para assistirem e fotografarem à apresentação.
Aplausos, sempre muitos aplausos, e era a nossa vez de nos emocionarmos, ao percebermos, que no final, tudo tinha saído perfeito.
Enquanto eram planejadas e ensaiadas, nos pareciam uma loucura, as músicas a serem memorisadas, as danças para aprender os passos, aquele número imenso de crianças, dias e dias de repetição.
Mas, quando chegava a hora da festa, todas as crianças vestidas à carater com suas professoras, com seus impecáveis aventais rosas, entravam em fila no pátio e iam formando círculos, paralelas, o que tivesse sido ensaiado. Em volta, sobre as muretas, nos degraus das escadas os pais, irmãos, avós, tios se colocavam para assistirem e fotografarem à apresentação.
Aplausos, sempre muitos aplausos, e era a nossa vez de nos emocionarmos, ao percebermos, que no final, tudo tinha saído perfeito.
Havia também as festas no auditório, lembro-me bem de um, que era “O Circo”.
A minha turma representou os “Cavalinhos”, as crianças receberam a cabeça do cavalo, em 2 faces, que elas mesmas pintaram, e amarradas com um elástico, ficavam presas na cabeça, todas as crianças vestidas de branco, dançavam, empinavam, rodopiavam, ao som de uma música, como faziam os verdadeiros cavalos nos circos. Jamais me esqueci dessa apresentação, que fez sucesso.
A minha turma representou os “Cavalinhos”, as crianças receberam a cabeça do cavalo, em 2 faces, que elas mesmas pintaram, e amarradas com um elástico, ficavam presas na cabeça, todas as crianças vestidas de branco, dançavam, empinavam, rodopiavam, ao som de uma música, como faziam os verdadeiros cavalos nos circos. Jamais me esqueci dessa apresentação, que fez sucesso.
Os murais das salas eram montados pelas professoras, com trabalhos desenhados e recortados pelos alunos dentro do tema da época, nós éramos orientadas pela Prof. Palu, de desenho, esses murais, tinham perspectiva, sequência, profundidade, eram verdadeiras obras primas, executadas pelas crianças e montadas por nós, pena que na época não tive a intuição de tirar fotos.
Lembrei-me agora, da sala que você cita, era toda de vidro e madeira, foi construida na área que dava para o portão de saída dos alunos do Jardim da Infância, não me recordo qual foi o motivo que levou a essa construção.
São tantas as histórias, afinal, foram 5 anos dando aula no mais afamado Jardim de Infância de São Paulo, de tudo muito me orgulho e se quer saber, no decorrer da minha vida profissional, cheguei a me arrepender de ter saído de lá e depois de alguns anos, ter perdido o contato com todas as professoras e alunos, pois não tenho nenhuma lista com o nome de todos os alunos que ajudei, um pouquinho que fosse, na sua formação pedagógica e educacional.
Tomara que alguns deles, ainda se lembrem de mim e guardem boas recordações, daqueles anos e daquelas que foram suas primeiras professoras.
Tomara que alguns deles, ainda se lembrem de mim e guardem boas recordações, daqueles anos e daquelas que foram suas primeiras professoras.
Obrigada Patrícia, por me trazer tantas lembranças de volta, de reativar minha memória com todas essas recordações.
Um beijo muito especial
Maria Lucia
Fotos: Patricia com a professora Marina Ribeiro Leite no salão nobre do antigo I E Caetano de Campos ; Lu e eu no Bardo Batata.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Jardim de Infância - Caetano de Campos
Lembro-me do dia em que fui com minha mãe e minha avó acompanhá-las ao jardim de infância do Caetano de Campos. Preciso explicar melhor: elas estavam indo aprender o modelo do meu primeiro uniforme, que há décadas havia sido criado, mas que com o passar dos anos foi se adaptando e se transformou no último modelo e permaneceu assim até o final da escola, quando saiu da Praça.
Era um vestidinho xadrez , com golinhas redondas, manguinhas curtas bufantes e por cima um aventalzinho branco, sem gola, que era amarrado com um laço nas costas, na altura da cintura. Um lacinho de fita de cetim vermelho era preso na gola com um pequeno alfinete de segurança. Meias brancas e sapatos pretos ( no meu caso, botas ortopédicas!). Os meninos alternavam entre shorts e calças de tecido azul-marinho, camisa branca e sapatos pretos.
Havia também o uniforme de educação física: sainha plissada branca e camiseta canelada, com um shortinho vermelhinho por baixo , shorts brancos nos dias de festas( que era de sarja e tinha elásticos nas pernas) e para os meninos shorts brancos e a camiseta canelada.
O jardim de infância havia sido fundado dois anos depois da construção do prédio principal, que havia sido inaugurado em 1894,ficando provisoriamente num antigo prédio na avenida Ipiranga e depois mudou-se em 1897 para uma edificação construída independentemente do prédio que estudamos.Esse prédio permaneceu até os anos 1940, quando foi demolido na gestão do então Prefeito Prestes Maia, para dar lugar a abertura da av. São Luis.
Foi criado com a finalidade de liberar as crianças das famílias abastadas de suas governantas, pois naquela época as crianças não iam para a escola tão cedo.Foi uma novidade criada pelo Regime Republicano .
Foi trazido do exterior métodos de ensino, principalmente dos Estados Unidos e aplicados por anos consecutivos até sofrerem uma reforma em 1926, quando foi trazido da Escola Normal um método mais moderno e coerente para os padrões da época. Lembrando que havia uma independencia da Escola Normal em relação ao jardim da infância.
Desde o início, dava-se prioridade aos exercícios de linguagem, aos trabalhos manuais, a modelagem, desenho,números, cores, música, ginástica e brinquedos.
Por brinquedos entende-se brincadeiras de roda e cantos acompanhados por instrumentos musicais.
Aliás havia uma sala de música com instrumentos de verdade como piano,violinos, flautas, guitarras ( ou alaudes), xilofones e até mesmo duas harpas que no ano de 1969 quando entrei lá, ficavam encostadas num canto da sala de música, onde tínhamos aulas musicais com a D. Janete ao piano.
Aprendíamos muitas músicas relacionadas com festas que ocorriam durante o ano, além de outras educativas como a que dizia”Viva a árvore amiga, que agasalha os passarinhos, que dá flores, que dá frutos, que nos dá tudo que é seu”, entre outras tantas.
Os pais tinham que providenciar uma série de materiais, tais como lápis de cor, lápis de cera, canetinhas hidrográficas, tesoura ( sem ponta!), cola tenaz ( e desgrude se for capaz) e tudo isso ficava dentro de um bolso fechado com zipper das nossas capinhas vermelhas.
As capinhas eram feitas de sarja , onde o nome do aluno deveria ser bordado ou pintado na parte superior e um desenho ou um bordado daqueles vendidos nos armarinhos eram aplicados bem abaixo do zipper.Tudo a gosto dos pais, só deveriam seguir o modelo. Então a capinha era personalizada. A minha tinha um Toppo Giggio, personagem adorado pelas crianças da época.
Essa capinha aparece em fotos do jardim de infância já nos anos de 1930, porém com tecido estampado, mas perdurou por todas as gerações até terminar a escola , em 1977.
Quando eu entrei na escola em 1969, fui estudar num anexo, uma casa pré-fabricada que ficava num pátio aberto, ao lado da caixa de areia, que era o parquinho do jardim, que depois foi totalmente demolido nos anos 1970 e que era por onde entrávamos todos os dias.
Além da sala de música, havia uma sala de brinquedos, com um tapete azul. Íamos lá de vez em quando e adorávamos. Havia uma grande estante coberta or cortinas brancas e atrás destas cortinas escondiam-se brinquedos diversos e muitas marionettes.
Na frente da sala havia uma televisão “oca”, que em algum tempo havia servido pra alguma coisa que na nossa época já não era mais usada.
As professoras, muitas delas recém saídas do curso Normal, encenavam teatrinhos de marionetes e ninguém nem piscava. Tínhamos que ficar sentados de pernas cruzadas como indios enfileirados,para o ambiente ficar tranquilo, senão todo mundo ia querer avançar nos brinquedos ( pra que estavam lá então?).
Nas festas juninas ensaiávamos com nosso par, haviam apresentações no teatro e todos participávamos, mas a grande festa foi a realizada em 1970: a festa do índio.
Eu que estudei no jardim no período da tarde, tive a oportunidade de conhecer todos os alunos do jardim do período da manhã. Juntaram-se dezenas de crianças, como nas fotos postadas com o título “Nossa tribo”.
O mais interessante ao ver estas fotos, é que nos anos seguintes estudei com a maioria daqueles indiosinhos, que me acompanharam até o final do ginásio.
Naquele mesmo ano, a nossa festa da Pipoca, ou a famosa festa junina foi realizada no ginásio coberto da outra unidade infantil do Caetano de Campos, que ficava bem em frente do Parque da Aclimação. Esta unidade que não tem nada a ver com o Caetano de Campos da Pires da Mota ( inaugurado em 1978), ficava no mesmo prédio que abrigava o Instituto dos surdos.
Alguns de nossos colegas estudaram lá: Glaucia e Gilberto A., Mônica Cest., Eliane Y. , Helena H. entre outros.
Voltando ao prédio da Praça da República:
As salas de aula tinham mesinhas de madeira e cadeirinhas, onde sentávamos formando grupinhos de 8 crianças. Mas havia uma sala bem grande com mesinhas triangulares, revestidas de fórmica branca, formando octágonos. Lembro muito bem de desenhar muito durante as aulas: eu tinha várias versões do desenho minha casa eu e minha família, outra do menino Jesus, a manjedoura, os reis magos e a estrela cadente ( nem católica sou, mas fiz um milhão destes),dobraduras, colagens, recortes , enfim, os trabalhos que fazíamos no semestre eram enviados aos nossos pais dentro de uma pasta feita de papel craft e desenhados na capa por nós mesmos.
Na saída das salas, haviam sempre murais montados pela D. Diva, uma senhora magrinha de cabelos brancos, com a ajuda de outras professoras, onde apareciam temas variados como a chegada da primavera, dia do índio, Páscoa, etc…
Nossa diretora era a D. Irene, uma senhora baixinha, gordinha , que usava óculos e que todas as crianças adoravam. Ela até aparece numa foto nossa de 1971, onde houve um passeio das classes da primeira série no sítio do Milton K., ou seja, nos acompanhou até mesmo depois de termos acabado o jardim.
No final do curso, que se dividia em primeiro, segundo e terceiro graus ( este de crianças mais velhas), havia uma festa de formatura com a presença dos pais e recebíamos nossos diplominhas. Passávamos automaticamente para a primeira série do primário.Ali terminava uma etapa de nossas vidas, inesquecível pra todos nós.
Fotos do Jardim de Infância
Alunos do Jardim da Infância por volta de 1900 - acervo do Memorial Caetano de CamposDécada de 1930- capinha já aparecia na foto- acervo Memorial Caetano de Campos
Foto do 2* grau do Jardim em 1943 cedida por Gilda Freit, tia da Suzana ( marcada na foto) naquela época o uniforme das meninas era invertido:o vestido era branco e o avental era xadrez.A turma já estudava dentro da escola, pois a unidade que fora construida para ser o jardim havia sido demolida. Gilda diz que apesar disso ainda existia um pequeno parque com coro e gaiola de pássaros.
Este é o lado de fora da saleta descrita na foto anterior. A foto tirada em 2010 mostra que a porta original foi substituida pela divisória acima. A porta ao lado era a da sala de música.
Esta era a entrada do pátio para o Jardim de infância. A passagem foi transformada numa copa.
Victoria Bayrão, Mirtes Grizoli e Regina Gass, professoras do jardim no período da tarde e recém saídas do curso Normal, elas estavam na sala de brinquedos, atrás delas o palco de marionetes.
Pátio coberto do Jardim , onde tínhamos aulas de ginástica e ensaiávamos para as festas.
Algumas vezes haviam gincanas e até montavam mesinhas para atividades neste pátio.
Ficha de matrícula de 1969, pois o nosso colega Paulo Sérgio, fez o terceiro grau em 1970 .
Anna Paula e o uniforme das meninas ( faltou o lacinho na gola: D. Conceição!).
Mesa octogonal da sala grande ( essa aula devia estar chata mesmo!). Ver uniformes dos meninos. acervo Memorial Caetano de Campos
Mesas compridas eram colocadas de duas em duas e 8 alunos eram agrupados em volta delas. A minha capa era igualsinha a da menina em destaque, acervo Memorial Caetano de Campos.
Gilda Freit , que estudou no 2* grau do Jardim em 1943, relata que naquela época as capinhas eram de sarja branca, tinham os nomes das crianças bordadas em azul marinho e que tinham dois botões brancos de madrepérola difíceis de abrir, onde eram colocados como a nossa , o material de cada aluno, acompanhado de um caderno de desenhos. A capa era mandada todo o final de semana para ser lavada.
Capinha do Gilberto, foto atual!!!!!!!
Capinha da Gláucia( deve ser a coisa mais antiga fora a certidão de nascimento dela!).
Festa dos animais no auditório. Na ponta esquerda com um par de orelhas compridas o Marcelo, o terceiro sentadinho é o Kenny, que cedeu a foto
Ana Paula, Plinio, Marcinha, Kenny ( foto cedida pelo Kenny), reparem que atrás se trata do ginásio do Jardim de Infância da Aclimação
Marcinha e Kenny dançando, atrás Anna Paula F. e na frente `a direita Ana Paula D.
Fachada atual do prédio onde funcionava o jardim da infância nos anos 60 na Aclimação, na frente do Parque da Aclimação, esta unidade foi desativada em 1972.
Fachada do antigo Jardim, que possuia apenas 3 salas de aula: 1*, 2*e 3* graus
D. Irene, diretora do Jardim à direita- acervo Memorial Caetano de Campos.
Em 1971, D. Irene de marron, no sítio do Milton
Antigo diplominha do Jardim
Este é o nosso( bem moderno e elaborado!).
Willy estudou na mesma turma que o Marco Antonio Riccioppo
Cadê a assinatura da D. Irene? Ih, vou ter que revalidar o meu e agora?
quarta-feira, 9 de março de 2011
Esqueleto Dançarino - A verdadeira história
Se você ainda não leu O Esqueleto Dançarino original, leia antes aqui
***
O assistente do diretor (Ubirajara) do colégio entrou na sala de aula e nos avisou que iríamos ficar por algum tempo, sem as aulas de português, pois a professora havia adoecido e a diretoria já estava providenciando uma substituta à altura.
- Matusquela, que maravilha, disse eu. ( o nome do matusquela era Henry).
-Vamos ter duas aulas seguidas na segunda e duas na sexta pra não fazer nada.
-Pensando bem, disse o matusca, acho que vai ser um saco.
_Que nada, vamos pensar em alguma coisa pra fazer. É o nosso último ano aqui, temos que deixar a nossa marca.
O matusquela era descendente de judeu e eu de árabe. Imaginem que mistura explosiva.
No primeiro dia da folga dupla, enquanto a maioria dos alunos permanecia na classe estudando, eu e o matusca saímos a procurar por algum lugar que nunca estivéssemos ido naquela imensidão de colégio e, numa dessas peregrinações, até então infrutíferas, resolvemos dar uma volta no anfiteatro.
Qual foi a nossa surpresa ao descobrirmos atrás das cortinas do palco, uma escada chumbada na parede que terminavas num alçapão, no forro do colégio.
-Ô turco (assim é que ele me chamava), cê tem coragem de subir aquela escada?
-Eu sou meio cagão pra altura, mas se você for eu vou.
Não deu outra.
O lugar era seguro, pois as cortinas do palco nos protegiam de qualquer elemento estranho que por ventura aparecesse por ali.
O matusquela era magrinho, e eu gordinho. Assim, ele foi na frente, abriu o alçapão entrou no forro escuro e eu, atrás, entrei logo em seguida.
Não era difícil. Bastava sentar na beira do alçapão e colocar as pernas pra dentro.
Nosso coração disparou ao percebermos que estávamos em cima do colégio.
Acima do forro, havia uma estrutura de madeira como uma grande ponte que percorria todo o espaço entre o forro e o telhado.
Ao lado e acima dessa ponte, estavam os cabos da fiação do colégio.
Tivemos um acesso de riso e de euforia por termos encontrado um lugar diferente, mas em seguida descemos com receio de sermos descobertos.
Pronto, já tínhamos um objetivo. Vamos vasculhar todo aquele telhado.
E assim, toda as folgas nós subíamos no forro, agora com uma pequena lanterna, e ficávamos andando pela ponte de madeira.
O forro era formado por blocos quadrados de uma espécie de papelão resistente, cercado por vigas de madeira.
Nós descíamos da ponte e pisávamos nessas vigas (Deus nos segurava. Afinal de contas, poucas vezes na história do mundo, um judeu e um árabe estiveram unidos por uma mesma causa).
Escutávamos as vozes dos alunos e conseguíamos e até vê-los por algumas frestas.
Éramos apaixonados pela professora de matemática, Thais, e sempre buscávamos a classe onde ela estava.
Quando soube da nossa aventura, o Ulisses ficou preocupado.
-Vocês vão se fu... qualquer hora é melhor pararem antes que alguém descubra.
Mas ele nem imaginava o que estava por vir.
Em frente ao Colégio, na saída pra Avenida São Luis, havia uma banca de jornal e outros artigos diversos dentre os quais, pequenas caveirinhas articuladas para se grudar nos vidros traseiros dos carros.
Assim que eu avistei aqueles esqueletos balançantes, me ocorreu a idéia de descê-los pelo teto na classe do meu irmão, na aula da professora Thais.
O matusquela adorou a idéia, só que havia um pequeno entrave.
Pra chegar até a classe do Ulisses, tínhamos que passar por cima do telhado, pois a classe ficava num outro bloco.
No dia seguinte fez o simulado.
Fomos até o final do corredor pela ponte, tiramos as telhas, subimos no telhado, retiramos as telhas do outro bloco e descemos até a estrutura de madeira.
Nunca vou me esquecer de uns funcionários do edifício Itália que estavam lavando as janelas naqueles balanços e gritaram:- Ô mulecada safada!
Nesse dia, comprei os esqueletos e coloquei-os na mala. À noite, fui até o quarto do meu pai, na gaveta do criado mudo, peguei uma caixa de giletes de barbear (naquela época não existia presto-barba), e no armário da sala, roubei um carretel de nylon que ele usava para pescar.
De manhã eu disse pro Ulisses.
-Hoje na aula de matemática, eu e o matusquela vamos descer 2 caveirinhas na tua sala.
- Vocês vão se ferrar. Se eles te pegarem, é expulsão na certa.
-Que nada, ninguém sabe como chegar lá (que ingenuidade!).
E assim aconteceu. Subimos no forro na hora da nossa folga que coincidia com a aula de matemática do Ulisses, passamos por cima do telhado, chegamos até a sala, pisamos nas vigas, nos abaixamos e começamos a furar o forro com a gilete do meu pai.
-Professara, tem rato no teto.
Grito, berros....
-Olha, uma caveirinha!!!!!!
-Vai matusca, desce a sua.
-Meu dedo não ta entrando no buraco.
-Faz um buraco maior, cacete!!!
-Chama o segurança!!!
-Hiiiiii, ferrou. Vamo embora turco!!!
-Eles estão no bloco da direita- disse uma voz grossa.
Saímos em disparada, passamos por cima do telhado e não recolocamos as telhas.
Assim que nós pisamos na ponte do bloco que dava na saída, uma luz de lanterna ofuscou nossos olhos.
-Quietinhos!!
-Não corram, pois estas madeiras estão velhas e podres.
-Venham devagar, vocês não têm pra onde fugir.
Daí em diante, você s já sabem. Só não fomos expulsos por ser o nosso último ano.
Tivemos que pagar o mico de varrer a chão da sala que ficou cheio de pó, e o Ulisses não sabia se chorava ou se ria.
Fomos para a diretoria e ficamos esperando o Ubirajara.
Eu e o matusquela começamos a rezar um pai nosso.
Mas no meio da reza eu perguntei pro matusca:- Cê não é judeu??
-Nessa hora vale tudo.
Nossos pais foram chamados no colégio.
Meu pai confirmou que as armas do crime eram dele e disse ao diretor que iria tomar as providencias cabíveis.
Nesse dia, ao voltar para casa, não conseguia descer do ônibus.
Fiz o percurso todo do Machado de Assis por 2 vezes.
À noite, quando meu pai chegou, me deu uma bela bronca e não me encostou nem um dedinho, pois hoje eu sei que no fundo ele se divertiu tanto quanto eu.
Muito obrigado Glaura, por me fazer relembrar essa passagem deliciosa da minha vida e poder dividi-la com vocês.
Um beijo a todos.
terça-feira, 8 de março de 2011
Viagem para Campos do Jordão - outubro de 1974
Em 1974, a quarta série B da D. Kiyome ganhou o concurso de Miss Caipirinha vendendo o maior número de rifas para a festa junina. Como premio ganhamos uma viagem para Campos do Jordão. A Anna Paula, então munida de caneta e o famoso caderno único encarregou-se de escrever um relatório em forma de diário:
segunda-feira, 7 de março de 2011
Cartas e telegramas
Em 1974, quando estávamos na quarta série, D. Kiyome ensinava-nos como mandar um telegrama e como mandar uma carta pelo correio. O telegrama deveria ter o mínimo de palavras possível, já que era cobrado por palavras. Houve o falecimento do pai de algum professor e então cada um de nós mandou um telegrama com os seguintes dizeres: "Sentimentos Falecimento Pai".
Nas férias, D. Kiyome escreveu para cada aluno uma carta e deveríamos escrever nossa resposta de volta, para aprendermos a escrever e postar correspondência. Esta foi a carta que ela me mandou:
Nas férias, D. Kiyome escreveu para cada aluno uma carta e deveríamos escrever nossa resposta de volta, para aprendermos a escrever e postar correspondência. Esta foi a carta que ela me mandou:
Lembranças...
Eu morava na Rua Araújo (estive no prédio há uns dois anos e me emocionei muito), próximo à Caetano de Campos. Tinha mudado poucos meses antes da Rua Caio Prado, quase esquina com a Av. Consolação; e conforme minha mãe me contava, foi muito difícil conseguir matricular-me lá. Era um colégio público extremamente conceituado (como hoje né?), e entrar na escola não era fácil. Graças a insistência de minha mãe, consegui enfim ser um Caetanista.
Os primeiros dias foram muitos intensos, pois aquele lugar era mágico, embora austero. Todos uniformizados, fila indiana com medida tomada pelo braço direito esticado no ombro do colega da frente, e depois, todos perfilados contando o hino nacional, pelo menos uma vez por semana. As professoras esmeravam-se no seu ofício, e o faziam por amor verdadeiro e vocação. Ficava atento, prestando atenção a tudo, tenso nos primeiros dias, e depois familiarizando-me com alguns(mas) colegas, tudo ficou mais tranquilo.
Lembro-me dos "impagáveis" recreios, quando os meninos ficavam, normalmente, de um lado, e as meninas de outro; e os comentários "corriam" soltos. Meu grande amigo à época era o Denis, porém tinhamos uma diferença, pois nós dois simpatizavamos com uma colega, e tivemos algumas "rusgas" por isso. Mesmo assim, por morar perto, alguns amigos iam ao meu apto. para estudarmos, e o Denis e a tal colega eram presenças quase constantes. Hoje posso dizer, por mais que gostasse do Denis, muitas vezes gostaria que ele tivesse outro compromisso e não viesse junto.(rs,rs,rs...) Mas com certeza, eram momentos sublimes, pois a amizade entre nós três era verdadeira, e às vezes os ciúmes faziam parte do jogo de cena.
Lembro-me também do Pompilio, ótima pessoa.
Puxa, são tantos colegas, situações que estão em algum "quartinho" de meu cérebro, que tenho convicção que encontrarei as "chaves" para abrir a "porta", e aí, muitas lembranças virão à tona. Mas uma coisa eu posso afirmar: foram anos maravilhosos!
- Ugo Santerini
Os primeiros dias foram muitos intensos, pois aquele lugar era mágico, embora austero. Todos uniformizados, fila indiana com medida tomada pelo braço direito esticado no ombro do colega da frente, e depois, todos perfilados contando o hino nacional, pelo menos uma vez por semana. As professoras esmeravam-se no seu ofício, e o faziam por amor verdadeiro e vocação. Ficava atento, prestando atenção a tudo, tenso nos primeiros dias, e depois familiarizando-me com alguns(mas) colegas, tudo ficou mais tranquilo.
Lembro-me dos "impagáveis" recreios, quando os meninos ficavam, normalmente, de um lado, e as meninas de outro; e os comentários "corriam" soltos. Meu grande amigo à época era o Denis, porém tinhamos uma diferença, pois nós dois simpatizavamos com uma colega, e tivemos algumas "rusgas" por isso. Mesmo assim, por morar perto, alguns amigos iam ao meu apto. para estudarmos, e o Denis e a tal colega eram presenças quase constantes. Hoje posso dizer, por mais que gostasse do Denis, muitas vezes gostaria que ele tivesse outro compromisso e não viesse junto.(rs,rs,rs...) Mas com certeza, eram momentos sublimes, pois a amizade entre nós três era verdadeira, e às vezes os ciúmes faziam parte do jogo de cena.
Lembro-me também do Pompilio, ótima pessoa.
Puxa, são tantos colegas, situações que estão em algum "quartinho" de meu cérebro, que tenho convicção que encontrarei as "chaves" para abrir a "porta", e aí, muitas lembranças virão à tona. Mas uma coisa eu posso afirmar: foram anos maravilhosos!
- Ugo Santerini
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