quinta-feira, 28 de abril de 2011

A Praça da República

A construção da escola Normal da Praça da República, em 1894, insere-se numa década de intensas transformações que se constituíram na Capital Paulista nos anos que se seguiram à Abolição e ao advento republicano, impulsionadores de um expressivo processo urbanizador que se iniciara havia cerca de 25 anos, ao tempo da chegada da primeira linha ferroviária implantada na então Província de São Paulo.
A nova dinâmica regional adquirida pela Capital surpreende a antiga paisagem da cidade colonial, que passaria a abrigar novos habitantes, cujos hábitos forasteiros, de padrões europeus, não se adequavam à empobrecida convivência de sobrados e casas térreas, onde se avizinhavam os diferentes segmentos sociais e o comércio, aspecto típico das ruas centrais que lembravam tempos mais difíceis da cidade e da província.
  A paisagem dos bairros das elites agrárias em demanda na Capital, como Higienópolis ( loteado em 1893) e Avenida Paulista ( aberta em 1891), de espaçosas moradas dotadas de infra-estrutura, opõe-se ao tumultuado surgimento de bairros de classes médias e de operários, como as Vilas Mariana,Cerquiera César,Prudente, Gomes Cardim e Clementino, todos já presentes na planta da cidade de Gomes Cardim (1897), arruados e loteados sem planejamento ou cuidado na articulação a bairros mais antigos como Brás, Moóca, Liberdade e Consolação.
  Se recuarmos no tempo, ali por volta de 1799,iremos encontrar o local onde hoje conhecemos como Praça da República, ainda como o “Curro das Festas Reais”. Era um terreno descampado, sem forma definida, distante dos limites da pequena vila, usado nos dias normais somente como pasto para os animais de carga que viviam soltos pela cidade e para o confinamento do gado a ser abatido no matadouro estabelecido ali no Beco do Mata Fome, hoje, Rua Araújo, até aproximadamente 1830. Talvez venha daí seu primeiro nome, Largo dos Curros, ou seja, lugar onde se guardavam ou se encurralavam os touros, antes e depois das corridas, e também onde se mantinha preso o gado a ser encaminhado para a matança.
A inauguração do viaduto do Chá, em 1892, veio facilitar o acesso à “cidade nova”, encurtando as distâncias até o velho largo e ajudando a selar seu destino.
Em 2 de agosto de 1894, na inauguração do edifício que ficaria conhecido como Escola Normal da Praça, o barro e o mato rasteiro tomavam conta do local.
Já , durante a construção da escola, buscou-se uma nova postura do Estado diante da Educação- laica e popular-, escolhendo simbolicamente o Largo dos Curros, rebatizando-o como Praça da República, no afã de perpetuar as glórias do movimento vitorioso.
E assim, num belo dia de 1902, aconteceu o que muitos paulistanos já pressentiam : a Praça foi cercada com arame farpado e, durante 2 anos a Prefeitura aterrou, construiu pontes, lagos e cascatas artificiais, desenhou alamedas e jardins, semeou bancos e estátuas e plantou cedros, plátanos, chorões, jacarandás, palmeiras e outros ornamentos mais exóticos.Quando as obras enfim concluídas, a Praça da República era um modelo de jardim moderno projetado para o repouso, a contemplação e o lazer de alguns poucos que podiam circular entre suas alamedas, posar para as lentes dos fotógrafos e desfrutar da paz que reinava em seu interior protegidos por elegantes gradis de ferros e pelos olhares atentos de guardas e porteiros.

A recém criada Praça da República, década de 1910

Praça da República, final do século XX

O prédio do Caetano de Campos

O edifício que abrigou a antiga Escola Normal e o Instituto Caetano de Campos é um dos mais importantes documentos culturais do estado de São Paulo. Exemplo de arquitetura oficial, durante muitos anos um paradigma para outras instituições de ensino.
Este primeiro prédio escolar do período republicano (lembrando que a República havia sido “Proclamada”em 1889) foi construído por iniciativa do governo estadual e inaugurada em 1894, com aspecto palaciano e monumental, buscava refletir a postura e a importância que o novo governo dispensava à Educação e à formação dos cidadãos.
 O projeto original do edifício é de autoria do arquiteto e então diretor da Escola Politécnica, Antonio Francisco de Paula Souza. Mais tarde, este projeto foi detalhado e construído pelo conhecido, e enaltecido por muitos, o arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo.
  Ramos de Azevedo ( 1851-1928) era professor da Escola Politécnica e do Liceu de Artes e Ofícios, e o seu escritório Técnico foi responsável pelas intervensões monumentais ocorridas nas primeiras décadas do final do séc 19 e início do séc 20, tais como : Escola Politécnica, Palácio das Indústrias, Teatro Municipal e a Pinacoteca do Estado, entre outras.
 O projeto original tinha o desenho em forma de “U” e depois de uma reforma em 1895 ,onde as classes atenderiam a Escola-Modelo Complemetar para alunos entre 11 e 14 anos, adquiriu a planta em formato da letra “E”. Tinha 86 mts de frente por 37 mts de profundidade .O prédio passou por quatro marcantes ampliações , uma em 1896 , com o acréscimo de salas nas pontas do "U", outra em 1934 com o acréscimo do terceiro andar, terminada de 1936 , outra em 1948 : a criação de alas perpendiculares à construção principal e o prolongamento destas em 2 corpos salientes que foram ampliados  para abrigar mais 12 salas de aula ( seria nas pontas da letra “U”, onde nos anos posteriores havia o Jardim de Infância de um lado  o Museu e Biblioteca do outro) e finalmente a última em 1978, com a entrada da Secretaria da Educação 2 estacionamentos no subsolo foram acrescentados, os banheiros foram divididos e floreiras foram colocadas nos páteos.
Em 1896, dois anos após a inauguração deste prédio principal, foi construído um anexo independente , no que seria o prolongamento da Av. São Luis, que era o prédio do Jardim da Infância ( demolido no final dos anos 30, para dar lugar à avenida).Compunha-se de quatro salas de aula, um grande salão octagonal para reuniões gerais e solenidades infantis, onde do lado externo podemos observar em fotos da época uma grande cúpula metálica, acima deste salão de 15X15mts. Havia mais duas salas anexas ao corpo do edifício , uma para depósito de material e outra para reunião de professoras numa area total de 940 metros quadrados.
Voltando para a planta do prédio principal , ela foi projetada pensando-se na iluminação, ventilação que se daria através das grandes janelas distribuídas ao longo dos corredores que dariam para um grande pátio interno. Haveria uma ala feminina e outra masculina, no centro do “U”, na parte interna havia um grande salão, de forma arredondada, chamada de Orpheão, demolida para dar lugar  ao auditório, inaugurado em 1941 e que permanence intacto até os dias de hoje.
 O terceiro andar  foi acrescentado, pois a escola necessitava de mais espaço nesse andar, entre 1935 à 1949,  pois a Escola Normal transformara-se em  Instituto de Educação ligado à USP pela sua “Escola de Professores”,  e em seguida foi criada a Seção de Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, antigos professores da Escola Normal, assim como professores estrangeiros contratados deram origem a este curso no prédio do Caetano de Campos.
 As salas de aula, destinada à permanência de 35 alunos ( mas comportavam mais de 40), tinham a altura de aproximadamente 5 metros, a garantia de um agradável conforto térmico e acústico. O edifício, de acordo com a técnica construtiva usual da época foi erguido com paredes autoportantes de alvenaria de tijolos revestidas de argamassa, com pavimentos assoalhados repousando sobre estrutura autônoma de madeira, forros de estuque de gesso e cobertura feita de com telhas de cerâmica.
 Para a composição da fachada, os projetistas recorreram ao vocabulário de origem clássica, manipulando com a liberdade característica do ecletismo arquitetônico do período.
De acordo com os diversos níveis da construção, a fachada apresenta tratamento decorativo diferenciado.
 No pavimento que conhecemos como “porão”, de acabamento simples vemos pequenas janelas retangulares, onde ali funcionavam as oficinas escolares.
No primeiro e segundo andares a fachada possui  janelas em arco pleno, ressaltadas de frisos e sobrevergas acimalhadas, que acompanham a sequência arqueada, completadas por losângulos em alto relevo sob os peitoris (no primeiro e terceiro andares e círculos no segundo).
 O terceiro andar diferencia-se dos demais por apresentar janelas mais largas e vergas retas. Sobre as cismalhas deste pavimento correm platibandas pontudas por pilares modulados.
No lado externo da fachada encontramos também diversas estátuas  e algumas colunas em destaque.
 Nos anos 70,o  prédio contava com 60 amplas salas de aula, 3 salas de música,4 salas de professores, 3 secretarias, 2 gabinetes dentários, 1 gabinete médico,2 pátios abertos, 2 cobertos, 1 auditório, 1 sala nobre conhecida como sala  Álvaro Guião, conservada até hoje, porém retiraram todas as poltronas de madeira da época e subsituíram por poltronas de tecido(!), 2 bibliotecas, 4 salas de orientação, além de no porão funcionar a cantina, centro de documentação e depósitos.
 No projeto de implantação Leste-Oeste do Metrô, estava prevista a demolição do edifício, tendo como justificativa o alto custo financeiro da obra com a preservação. Ante a iminência de destruição do prédio, em 1975 parte da população, alunos e ex-alunos se organizou e a impediu.
 Porém em 1977 todos os alunos foram comunicados que a escola perderia o local que, por 83 anos foi a sede de uma das maiores e importantes instituições do Brasil, pois o então Secretário da Educação da época decidiu que ali seria o local ideal para a instalação da Secretaria da Educação.Então, no ano de 1978, 4772 alunos ( contando os 3 períodos de aula) foram transferidos para outros 2 prédios, um na antiga Escola Alemã na Praça Roosevelt e outra parte para uma escola recém construída na Rua Pires da mota, na Aclimação.
 Quando atualmente adentramos o prédio da Secretaria da Educação, percebemos que nada do mobiliário na época da escola sobrou. Os banheiros que ficavam nas extremidades foram adaptados , sendo divididos em dois, masculino e feminino, apesar do prédio ser tombado pelo Patrimônio Histórico, algumas obras foram feitas, algumas na época de transição em 78, com a construção de floreiras nos páteos, 2 estacionamentos, a remoção da cantina que virou passagem entre estes estacionamentos, a inclusão de diversas divisórias de eucatex nas antigas salas de aula, o revestimento de pisos de ladrilho hidráulico por pisos de borracha e até pisos cerâmicos de gosto duvidoso, como nos porões que tiveram suas paredes originais descascadas em parte para deixarem aparentes os tijolos.  Nem o elevador de porta pantográfica escapou: foi substituido por outro mais “moderno”.Na subida da escada principal para o segundo e terceiro andares percebemos que parte do piso de mármore branco foram substituidos por mármore travertino(!).Mas nem tudo está perdido: com a entrada do novo Secretário da Educação, percebemos que algumas atitudes estão sendo tomadas, como uma pesquisa feita por especialistas para a descoberta das cores originais do prédio,para uma futura pintura, além de novas reformas de manutenção programadas, quem sabe ele poderia presentear a cidade reservando alguma sala destinada à documentos, fotos e mobiliário daquela que foi a mais importante escola do País?


Fontes:
Correa, Maria Elizabeth Peirão et al. Arquitetura Escolar Paulista:1890-1920-São Pauo; FDE 1991
Delgado Reis, Maria Cândida:”Caetano de Campos”: Fragmentos da História da Instrução Pública em São Paulo- 1994- Editora Moderna.
Estudo da primeira planta baixa, não está de acordo com as obras executadas na inauguração do prédio.

Aula de educação física, ao fundo a sala arredondada que depois de demolida, em 1933, tornou-se o auditório.

Interior da sala arredondada, conhecida como Orpheão.

Fachada acrescida do terceiro andar.

Sala Álvaro Guião, no terceiro andar do edifício, que teve recentemente seus móveis "moderizados".

Detalhe Sala Álvaro Guião. Foto atual. Foto:Patrícia Golombek

Auditório. Foto atual. Conserva as mesmas características de 1933. Foto: Patrícia Golombek

Detalhe Escadarias Laterais. Foto: Patrícia Golombek

Detalhe Corredor. Foto:Patrícia Golombek

Pátio Modificado. Foto: Patrícia Golombek



quarta-feira, 27 de abril de 2011

Os porões do Caetano de Campos

Porão "habitável"

Centro de Puericultura: Foto de 1967 Arquivo do CRE Mario Covas
Todo Caetanista tem alguma coisa pra contar sobre os porões da escola. Por gerações foi o local preferido para novas descobertas durante o recreio e já vi histórias de arrepiar os cabelos de qualquer um: entre caveiras e loiras ( a mesma do banheiro?) ouvia-se de tudo.    Abrigou salas com usos variados ao decorrer dos anos: começando ainda antes do séc XX com as oficinas de trabalhos, lembrando que no projeto da edificação os porões eram “habitáveis”.  
Vestiários feminino e masculino,desativados nos anos 70, arquivo de documentos e em 1933 foi instalado o Centro de Puericultura , que possuía um lactário, uma cozinha de demonstração e de fornecimento de alimentos infantis, além de comportar um serviço assistencial que realizava visitas domiciliares a crianças, além da confecção de enxovais. Dessa forma, o primeiro centro de puericultura do Brasil, instalado na Escola Normal, propiciava o ensino prático de puericultura para que as futuras educadoras ensinassem essas habilidades para as futures alunas. Havia sempre a presença de um médico neste centro, que foi desativado em 1972. 
Havia a sala do CEDOC, onde assistíamos a filmes educativos, geralmente sobre higiene, ciências ou conhecimentos gerais, depósitos de carteiras , salas vazias utilizadas para os mais diversos usos: lembro-me de ensaios para uma das festas grandiosas ali numa daquelas salas, onde tínhamos de nos sentar naquele piso frio de ladrilho hidráulico, cercados por baratinhas mortas de barriguinhas para cima.O acesso para os porões dava-se de duas maneiras: em portas que davam para os páteos ou atrás da escadaria principal da escola bem na frente do foyer do auditório. Resolvi matar a curiosidade e foi por este caminho ( os outros não existem mais) que filmei o que existe atualmente.  Descobri uma parte que ligava esses porões à nossa antiga cantina ( na época não existia tal acesso).
A cantina que tinha saída para os dois patios, hoje transformou-se numa area de circulação e em cada ponta dá para um estacionamento que foi instalado pela Secretaria da Educação  que escavou parte dos páteos da escola justamente para abrigar os estacionamentos.
Os páteos não se parecem com nada daquilo que nos lembramos: no local foram construidas várias floreiras de concreto, fazer o que?! Novos tempos, novos usos…


sábado, 16 de abril de 2011

Encontro - Dia 2 de abril de 2011

1971
2011

Discurso

Memória é uma coisa interessante, traz pra gente coisas maravilhosas de um lado e muitas vezes tristes do outro.
Eu tenho uma boa memória. Às vezes me passo por louca: cumprimento uma pessoa que nem sabe quem eu sou, ou conto algum caso que aconteceu e a pessoa diz que inventei; tento apagar a raiva que senti algumas vezes , porque certas lembranças só servem pra nos dar uma bela úlcera de estomago!
Há coisas na vida , porém ,que a gente nunca esquece, tendo boa memória ou não: a nossa escola, nossos colegas e professores , mesmo que sejam memórias apagadas , alguma coisa sempre sobrou, normalmente são lembranças felizes, porque é uma época de inocência, de ingenuidade, onde o nosso mundo se resumia , na maior parte das vezes, apenas no que acontecia naquela escola.
Eu como voces, tive a oportunidade de estudar na maior instituição de ensino do nosso país, o Caetano de Campos. Sair com aquele uniforme da escola pelas ruas e ser deparado com alguém perguntando e exclamando : você estuda no Caetano, era coisa corriqueira, dava-nos orgulho e sabíamos que a nossa escola era reconhecida por sua excelência no ensino. Por que será que era tão boa? Como havia se passado tanto tempo e permanecido como modelo de educação por tantas gerações da mesma maneira como foi criada?
A resposta certamente é essa : as pessoas. Pessoas qualificadas, comprometidas, apaixonadas e felizes por   estarem realizando um trabalho com resultados, com reconhecimento ,com respeito , com carinho e amor recebidos em troca de tudo isso.
Eu fui uma felizarda, do primeiro instante que pisei naquele prédio, que sempre amei e que fui sorteada, com apenas 4 anos de idade e que saí com 14, onde tive os melhores 10 anos de minha vida.
Começando pelo jardim de infância, onde D. Irene, nossa querida diretora circulava pelos corredores e conhecia cada um de nós pelo nome, nossas professoras dedicadas, cuidavam de nós pequeninos, como se fôssemos pequenas preciosidades, ensináva-nos a cantar, a nos organizar, a nos comportar ,a nos relacionar e ,mais importante, deixar-nos sermos nós mesmos, tratando-nos com muito amor e dignidade.
 E nós crianças, gostávamos uns dos outros, independentemente das nossas classes sociais,raças, cores ou religião, valores perpetuados por toda nossa vida, prova disso é estarmos aqui todos reunidos.
No primário, acertei na loteria: caí duas vezes com a D. Kiyome. Devo dizer que os colegas que cairam com a D. Edith, D.Adercy e outras professoras não foram menos sortudos que eu , porque o que a nossa escola sempre teve foi profissionais do mais alto gabarito, ou seja, todos nós fomos entregues nas mãos dos maiores educadores que alguém poderia almejar.Não esquecendo da nossa dedicada e competente D. Wilma, que nos recebia carinhosamente no Museu e Biblioteca infantil.
Aquele ano de 71 pra mim foi mágico: eu ia pra escola feliz! Na perua do Sr Francisco, havia conhecido uma pessoa que desde o primeiro dia de aula me acompanhou pro resto da minha vida: a Monica Elisabeth Coates. Juntas conseguimos levar a D. Kiyome à loucura: ela teve que nos separar, colocando cada uma de nós num lado oposto da classe. Mas não éramos só nós duas que aprontávamos: havia o Milton Koga, que vivia se pegando com o Pompílio, a Cecília, chamada de tagarela, a Marcia Iki Chiota, que sempre quebrava o silêncio com uma gargalhada bem alta e escandalosa, os gêmeos Márcia e Márcio ,esse último sempre sendo controladado pela irmã, que era a coisinha mais doce e bonitinha da classe, minha amiguinha querida.
Os meninos que sempre voltavam suados da hora do recreio, de tanto correr e jogar futebol, às vezes até com garrafinhas de plástico: o Maurice, o Guilherme, o Luis Antonio, o Paulo José, o Marco Antonio e o Marcelo José, e o Gianfranco com a maquininha barulhenta, reconhecia todo mundo pela voz e nunca se confundia!
Os passeios que fazíamos, um deles inesquecível ao sítio do Milton ,onde as três classes da primeira série foram reunidas; lá fizemos gincanas e bebemos leite ordenhado da vaca, que nojo! Na foto do passeio aparece também a querida D. Carmela, nossa diretora do primário,a D. Irene, a D. Giconda, avó da Cecília, que por anos se dedicou com o seu trabalho voluntário na realização de festas , juntamente com a d. Helena, mãe da Eliane, a D. Dirce, mãe do Paulo Sérgio e a mãe do nosso colega Joaquim.
Na segunda série, uma surpresa: um novo diretor assumia o comando da nossa escola : o jovem Prof. Fábio de Barros Gomes, criando uma APM que ajudaria tantas crianças carentes, que nunca fizeram idéia de como foram ajudadas com materiais, uniformes e lanches, vindo do esforço destes pais voluntários que doavam parte do seu tempo neste trabalho tão compensador. Nosso diretor criou uma escola que  buscava juntamente com todos os professores e equipes pedagógicas integrar oque  havia de mais moderno no ensino da época, e  as tradições mantidas na escola por quase um século.
Na quarta série, outra surpresa: D. Kiyome no pedaço! Foi um dos anos mais felizes das nossas vidas. Ela organizava gincanas culturais entre meninos e meninas, promovia passeios, naquele ano apresentamos a festa do dia das mães: eu e o Eduardo fomos escolhidos como mestre de cerimônias do evento, tudo foi ensaiado, mas na hora improvisamos e botamos a platéia abaixo, o menino acabou até virando ator de teatro e televisão , formou-se também professor de Biologia e por muitos anos deu aula, sim porque qualquer um de nós saíamos com condições de entrar em qualquer faculdade que desejássemos.
Ganhamos uma viagem para Campos do Jordão, por ser a classe que mais havia vendido as rifas da festa da pipoca. Minha mãe não me deixou ir ,porque no ano de 74 estávamos no meio de um surto de meningite e ela achou arriscado. Tive de aguentar por um tempão as histórias contadas pelo colegas: que a Zaira tinha salvado o Eduardo de morrer afogado na piscina, ou da Anna Paula, felizarda , dormiu no mesmo  chalé da D. Kiyome, do Anselmo que no último minuto foi empurrado sem querer pela Soraya e caiu de roupa e tudo na piscina e voltou molhado pra São Paulo. Tenho a memória viva de tantos colegas: o Denis e o Ugo, que não se desgrudavam, o Eugenio com seu trabalho de folclore, que era tão grande e pesado , que precisava da ajuda de dois colegas para levantá-lo, do Paulo Sérgio e o colar que fez de presente pra D. Dirce com caroço de abacate, o mais lindo e caprichado de todos. Ficamos morrendo de inveja, do Luis Henrique, aquele colega genial, tímido, mas um colega nota 10, do Marcelo Mussio, querido amigo que aparece em tudo quanto é foto desde o jardim de Infância, das alegres gêmeas Roberta e Fernanda, que todos nós sentíamos atração e queríamos ser amigos, da Anastásia, que andava delicadamente com passos de bailarina, da chorona Ana Maria,da Carla e da Monica Cestari de quem eu não desgrudava,da Helena,da Marcia Aurora, do Emílio, da Vanda e da Shun que eu infelizmente não consegui encontrar, a Tereza, que me atropelava nos jogos de Handball; mais tarde, no final do ginásio outros colegas memoráveis: o Ulisses, lindo de morrer, deixava a mulherada louca, o Edgard, que tinha ficado altão, gostava de se sentar cruzando as pernas naquela cadeirinha, nem sei como conseguia,o João Kortenhaus,amigo da  Deborah, que era louca por cavalos e até convenceu  o pessoal da guarda municipal a deixar montar num cavalo deles em plena Praça da República, o querido Elias, que infelizmente se foi, tão jovem, mas que deixou sua marca em nossas vidas e em nossos corações, assim como o inesquecível Renan, que um dia pegou o carro do pai e fugiu numa aventura pro nordeste, outra pessoa que também se foi , o nosso colega Antonio José, ruivinho sardento que nos cedia um espaço no restaurante do pai , para termos aulas de reforço em Matemática, dadas pela D. kiyome, que nem ganhava extra pra isso, pura dedicação, Da outra turma, os saudosos  Lobato e o Barreira, que se sentavam lado a lado, estão acompanhando tudo, lá de cima.                  
Nunca me esqueci das simpáticas primas Kátia e Rita, com quem me formei e a turma A,nossa rival sob o comando da querida D. Lúcia  com o Kenny, a Suzana, a Glaura, a Glaucia, a Annick, a Márcia Borghi,o Joaquim, o Marcos D”Avila,o Flávio,o Braga, o Plinio,o Nicolas,a querida Maria Elvira, o Paulo Sérgio,o Julinho, o Alex e o Alexandre, a Ana Paula Dutra e sua voz inconfundível, a Monica Fachin e seus olhos transparentes, a Silmara,a Selma a Rosana, filha da D. Kiyome, colega na oitava, assim como a Nelciara, a Lise, a Priscila, a Ivete e sua inesquecível festa de 15 anos, a Nadya ,a Milla, e a Miriam Juliana, as mais lindas e de quem todos os garotos gostavam, a Elia, filha da D. Ezer, a Marisa, a Sandra , o Paulo Pang, o Willy Lyn, o Ramsés que levava a gente pro clube do Pa-tro-pi pra dançarmos os embalos de sábado à noite em pleno dia da semana,o Reynaldo, com seu sotaque carioca e seu jeitinho de malandro,quantos amigos maravilhosos. E que professores! Gostaria de agradecer em nome de todos os colegas e dizer pra vocês , queridas professoras, que toda a energia, amor e dedicação gastas conosco não foram em vão, porque hoje se somos o que somos é porque parte de vocês está em nós. Obrigada!           
Enfim ,por mais de 30 anos, eu esperei o dia em que eu pudesse revê-los, abraçá-los e beijá-los, e finalmente esse dia chegou. Depois de tanta busca ,de tantas emoções que vivi nos últimos meses, finalmente podemos dizer agora : somos a turma Caetanistas 78.

sábado, 9 de abril de 2011

Cecília Bueno dos Reis Amoroso

*01/12/1904            +02/06/1989
Em 1971,quando fomos alfabetizados com a cartilha “Onde está o Patinho”, a autora Cecília Bueno dos Reis Amoroso, que havia sido  professora de Metodologia  e Prática do Ensino Primário, da Escola Normal ,já estava aposentada.
  Cecília estudou sua vida inteira no Caetano, do Primário ao Normal, onde formou-se em 1922.
  Começou a lecionar no Primário dois anos depois, onde só sairia ao aposentar-se em 1954.
  E foi no meio das crianças , procurando sempre novos recursos para favorecer integralmente o seu aprendizado ,que começou a desenvolver o método da nossa cartilha.
 Além da cartilha em si, haviam pequenos cartazes que as professoras penduravam nas paredes, com desenhos e palavras, onde apareciam os personagens, Ceci, Juju, Tatá, Mimi e o Patinho propriamente dito, além de outros que eram introduzidos a medida que a criança ia avançando em cada letra do alfabeto.
  Havia os carimbos com as mesmas imagens dos personagens, que muitas vezes eram utilizados em cartões individuais, que no verso aparecia a palavra referente a imagem carimbada, ajudando a criança a fixar os conceitos aprendidos na aula.Ou , mais tarde a desenvolver sentenças, por exemplo, eram inúmeras as possibilidades no uso dos carimbos.
 Muitas de nossas professoras, inclusive a D. Kiyome, foram alunas de D. Cecília e até ajudaram a desenvolver o método com a mestra, durante o curso Normal.                                                Mais tarde, com o estímulo da então diretora da escola, D. Carolina Ribeiro, que ao assistir suas aulas surpreendeu-se com o que viu, acabou publicando, em 1956 a cartilha .                              Foi criado pela escola uma série de classes experimentais, onde as professoras treinadas pela própria Cecília aplicavam o método. Não havia nada parecido em nenhum outro colégio, fora o Caetano.
  Estas classes exclusivas de primeira à quarta série, ofereciam a metodologia e com o passar dos anos, eram disputados pelos pais dos alunos, que sempre pediam na secretaria da escola uma vaga para colocar seus filhos nestas. Foi exatamente o meu caso.
  Além do Português , era também ensinado a Matemática Moderna, através da teoria dos conjuntos,D. Cecília desenvolveu uma série de pequenos cartões com bolinhas e até mesmo palitos de sorvete eram utilizados, para a criança visualizar a tabuada,os números e quantidades, transformando algo abstrato em concreto, facilitando , assim, a compreensão.
Outras obras surgiram mais tarde:

“O patinho na 1* série “

“O patinho na 2* série”

“Quem é mais forte? “

“Que serei?”

  Além de ter publicado todos os livros acima, Cecília era excelente poetiza, tocava piano e pintava .
 Seu método ultrapassou os limites da escola, sendo adotado posteriormente em várias instituições educacionais.Percebe-se assim que uma pessoa dinâmica e criativa tinha seu trabalho valorizado e reconhecido e o mais importante, posto em prática, o que demonstra a essência do Colégio que foi desde os primórdios,criado pensando-se na excelência do ensino.






 Teve duas filhas, Arminda e Ângela, que também estudaram e trabalharam na escola, ajudaram a aplicar o método criado pela mãe, dentro e fora do Caetano.






Cartazes educativos. Tamanho aprox. 0.60 X 0.35m











            Fotos:    Acervo Histórico Caetano de Campos/CRE Mario Covas

Mães Voluntárias

Eu me lembro, que quando entrei na primeira série, sempre via algumas mães e avós de meus colegas ajudando como voluntárias na escola.Uma avó que vivia colaborando na organização das festas da escola era a D. Gioconda Glass Pereira, avó da nossa colega Cecília. Ela foi uma pessoa tão dedicada que desde que seu neto mais velho, José entrou no Caetano, sempre o acompanhava em todas as festas e principalmente, quando a Cecília começou no primeiro grau do Jardim de infância, ela já ajudava as professoras com a execução de fantasias, painéis, brindes, ficava nas barracas nas festas juninas e sempre vestia a neta com roupas típicas para cada celebração, pois como vocês podem ver no álbum da Cecília, ela sempre foi fotografada com peças muito bem executadas, até mesmo de um passarinho, que aliás, segundo os filhos dela, tava “pagando o maior mico”e não deveria ter mandado a foto para ser publicada no blog, porque ia “queimar o filme “. Bem, não só a D. Gioconda, que infelizmente partiu no ano passado aos 97 anos de idade, deixando saudades, outras mães sempre eram vistas na escola, como a D. Helena, mãe da Eliane, uma senhora japonesa, muito simpática, que começou o seu trabalho de voluntariado lá no Jardim de infância da Unidade da Aclimação. Foi ela a responsável por conseguir a doação através do seu pai , de uns lequinhos distribuidos em 1969 na festa da pipoca, onde ela pacientemente escreveu no verso dos tais leques alguns dizeres ( vejam depois nas fotos da matéria “todo mundo um dia foi criança ").Eu me perguntei por muito tempo, o que festa junina tinha a ver com leque japonês, só descobri isso esse mês quando a Eliane disse que tinha sido doação do avô. Então tá!
Outra pessoa muito especial, é a D. Dirce, mãe do Paulo Sérgio, a gente gostava de beijá-la quando a víamos na escola. Tive o prazer de encontrá-la e pegar um pequeno depoimento sobre as mães voluntárias, vejam a seguir.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Fotos dos colegas nos anos 70

 Desde o mês de fevereiro, tenho postado as fotos dos colegas que colaboraram enviando fotos guardadas por todos esses anos nos álbuns e caixas em suas casas ou nas casas de suas mães. Verdadeiros tesouros escondidos por tanto tempo e agora publicados no blog formando um grande album de fotos coletivo.
  Muitos de nós, nos vimos em fotos inéditas, eu por exemplo me vi umas cinco vezes, o que me encheu de alegria, pois quando éramos pequenos, não sei por que cargas d”água, os pais não nos fotografávamos muito, além de muitos de nós não termos lá uma máquina muito boa (lembram da Xereta da Kodak?).
  Quando o Eduardo me enviou suas fotos me vi novamente, desta vez em 1974, num passeio com a quarta série da D. Kiyome ( seria no Horto Florestal?), aparecem as gêmeas Roberta e Fernanda , que curiosamente no album delas só tem fotos bem pequenas, mas se procurarmos no blog, elas aparecem também em 74 naquela viagem a Campos do Jordão. A Carla está no meio delas e na ponta uma colega que eu gostava muito, a Lúcia, mas esqueci o sobrenome!
  O Denis aparece ao lado de um menino que eu me lembro muito bem, mas também não sei o nome ( alguém me avise, se souber,por favor).
  Encontrei 90 colegas de dezembro a março, todos que entraram na primeira série em 71 e se formaram em 78 na oitava série e apesar de ter solicitado inúmeras vezes estas fotos está sendo muito difícil consegui-las ( falta de tempo, mães ocupadas , perda de material, etc…), se alguém conseguir encontrar mais alguma coisa, me mande, pois como todos podem ver , não ficou legal pra caramba?

Fotos do Eduardo

1971

1971

1974 - Patrícia 

1974 - Roberta, Carla, Fernanda, Lúcia, Denis, X

1974 - Roberta 

Fotos do Paulo Sérgio S.






Jean Louis(atrás Fabian), Guilherme, Carlos César (irmão do Paulo) e José M (irmão da Cecília)





Paulo Sérgio e Carlos César

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Fotos da Annick

1974 - D. Lúcia e Annick
Suzana

Ramsés, Joaquim, Maria Elvira, Marco Antônio, Marcos, X, Jaime (irmão da Suzana), X



Annick e Suzana