Antonio Cândido narra no filme acima, a criação da USP, com a colaboração de Fernando Azevedo, que era diretor do Instituto de Educação Caetano de Campos e como a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras funcionou no terceiro andar de 1937 à 1949.
Abaixo, a história mais rica de todos os tempos em que o Caetano de Campos existiu: o berço da Educação que serviu de modelo para todo o Brasil e descubra porque foi construído o terceiro andar.
Um aspecto importante da reforma de 1920, que contava do anteprojeto, mas que não chegou a efetivar-se, diz respeito à criação de uma Faculdade de Filosofia, Ciências, Letras e Educação. Porém essas iniciativas fizeram com que o assunto passasse a ser discutido: Lourenço Filho, na entrevista que concedeu a Heládio Antunha descreveu muito bem aquela vinculação indireta.
Quando em 1930/31, ocupamos a direção-geral do ensino em São Paulo, pretendemos fazer ressurgir a idéia da Faculdade de Educação, da reforma de 1920, em novos termos. Na impossibilidade de obter adesão à idéia pelo governo provisório, sobretudo pelos argumentos de economia,, contentamo-nos, então, em criar um Curso de Aperfeiçoamento pedagógico na Escola Normal de São Paulo, dando a todo o seu conjunto o nome de Instituto Pedagógico. A criação e funcionamento imediato desse curso de educação que se estabeleceu no país facilitou a Fernando de Azevedo, logo depois a criação do Instituto de Educação, com destaque do ciclo de cultura geral (ginásio) e de outro ciclo técnico pedagógico, à semelhança aliás do que já se havia feito em 1932, no Rio de Janeiro, com Anísio Teixeira e nossa colaboração. Entre os objetivos desse Instituto estava o da formação de professores secundários, e dele veio resultar depois a Universidade Federal. Com a criação da Universidade de São Paulo, o Instituto de Educação foi a ela agregado, havendo tomado a feição final de uma secção de Pedagogia, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, por exigência do padrão federal de 1939.(Lourenço Filho, in: Antunha, 1976, p.170).
Em 1933, Fernando de Azevedo insistia no caráter técnico e profissional da preparação do mestre.Isto significava saber e saber ensinar, isto é, ter a ciência e a técnica adequada para transmiti-la. Criou , então o Instituto de Educação, onde eram oferecidos cinco modalidades de estudos superiores: Formação de Professores Primários, Formação de Professores Secundários, Formação de Diretores Escolares, Formação de Inspetores Escolares e de Aperfeiçoamento.
Atendiam a esses cursos cinco Seções: Educação,Biologia Aplicada à Educação, Psicologia Educacional, Sociologia Educacional e Prática de Ensino, cada qual desdobrada em matérias específicas.
Os primeiros laboratórios de pesquisas do Brasil foram criados: Laboratório de Biologia Educacional, Laboratório de Psicologia Educacional, Laboratório de Pesquisas Sociais e Educacionais, Laboratório de Estatística, além do Centro de Documentação de estudos Pedagógicos.O centro de Puericultura foi criado naquele ano.
Tendo em vista abrigar espacialmente o patamar em que esse novo Instituto foi colocado- de nível superior- Fernando Azevedo solicitou à Diretoria Geral do Ensino que discutisse a reforma do Prédio da Praça da República com a Diretoria de Obras da Secretaria da Viação. O prédio construído por Ramos de Azevedo fora projetado para receber mais um pavimento, até então possuía apenas dois.
Em Abril de 1933, as plantas do terceiro andar foram feitas e assinadas pelo Engenheiro-chefe Achilles Nacarato, da Secretaria de Obras Públicas. ( ele que projetou!!).
Naquela época, Fernando de Azevedo e Júlio de Mesquita Filho já faziam projetos para a criação da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras ligadas à Universidade de São Paulo.
As obras de acrécimo do terceiro andar, no entanto, não contou com a anuência imediata do Estado, e no segundo semestre de 1934, o diretor compôs uma comissão de representantes de instituições, entre elas a Escola Normal Padre Anchieta, a Faculdade de Farmácia e Odontologia, a Escola de Medicina Veterinária, a Escola Profissional Masculina e Feminina e o Liceu Rio Branco, para a redação de documento que solicitava a reforma do prédio do Instituto de Educação da Universidade de São Paulo (IEUSP), além de apoiar publicamente seu projeto pedagógico.
Para convencer o Interventor Federal de que a reforma era fundamental, Azevedo alegou que dentro do espaço do prédio havia vários níveis de ensino e alunos de idades variadas, além do fato de que a antiga Escola Normal deu lugar a uma imensa quantidade de cursos, que estava em condições precárias e que o prédio projetado para atender à uma população de 170.000 habitantes dos quais 13.600 em idade escolar já em 1933 a população subira para 1.070.000, sendo 112.000 em idade escolar e estava incompatível com a demanda.
A data em que a reforma começou não é esclarecida, porém o Interventor Salles de Oliveira, em julho de 1936, enviou mensagem ao Congresso Legislativo dizendo que as obras do Instituto estavam praticamente concluídos.
Foram feitas nessa reforma:
O terceiro andar, a sala que depois se denominaria Álvaro Guião, revestido com lambris de embuia e pintura imitação Gobelin ( lá que se encontra a parede pintada onde se baseou o emblema da escola da década de 1950) um bloco de sanitários dos dois lados do prédio, do primeiro ao terceiro andar, a substituição dos pisos de madeira dos corredores por pastilhas cerâmicas, as escadas de madeira por concreto armado e mármore branco português "Lioz".
Os móveis foram executados pelo Liceu de Artes e Ofícios.
Os móveis foram executados pelo Liceu de Artes e Ofícios.
O auditório porém não havia sido construído naquela época, ficou pronto somente em 1941.
Fernando de Azevedo foi relator e autor do projeto de criação da USP, por convite de Armando de Salles de Oliveira e Júlio de Mesquita Filho. Com uma comissão que englobava membros de diversas faculdades como a de Direito, Escola Politécnica, Instituto Biológico entre outros, foi entregue ao Secretário da Educação Sampaio Dória para verificar os aspetos legais.
O Instituto de Educação criado em 1933 por Azevedo, foi anexado à Universidade de São Paulo em 1934. Foi criado assim a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP, que em 1937 une-se ao IEUSP no terceiro andar do prédio.
Apesar de ambos os cursos apresentarem características semelhantes, um era complementar ao outro. Quem se formava na FFCL poderia tornar-se um especialista cursando o matérias ligadas à Pedagogia para obter a Licenciatura, para poder dar aulas e deveria fazer estágios. Fazendo pesquisas ou altos estudos , poderia doutorar-se.
Muitos professores davam aulas tanto no Instituto como na FFCL.
No terceiro andar, a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras tinha os seguintes cursos: Ciências Sociais, Filosofia, História, Geografia, Literatura entre outros. Outros cursos desta faculdade funcionavam em outros prédios, como o da Al Glete: Física, Química, Biologia, Geologia , História Natural e Matemática.
Muitos professores catedráticos vieram de países como França ( o maior grupo), Itália, Alemanha. As aulas eram ministradas em suas respectivas línguas, o que obrigava os alunos a estudarem diversos idiomas para entender estas aulas.
Em 1938, Adhemar de Barros, sem nenhuma explicação obriga o IEUSP a voltar à condição de Escola Normal, muitos afirmam que foi pressionado pela Igreja. Alguns professores ficam na Escola Normal, alguns mudam-se para a FFCL.
Com a Guerra, muitos professores retornam aos seus países de origem e seus assistentes assumem as cátedras (após serem examinados por uma banca).
Com a Guerra, muitos professores retornam aos seus países de origem e seus assistentes assumem as cátedras (após serem examinados por uma banca).
Em 1949 a FFCL muda-se para o prédio da Maria Antonia.
Fontes:
TanuriL. A Escola Normal do Estado de São Paulo- 1890-1930 São Paulo Feusp 1990
Monarcha,C.- A reinvenção da cidade e da multidão. São Paulo - Cortez/AA, 1990
Evangelista, Olinda- A formação Universitária do professor- O Instituto de Educação da
Universidade de São Paulo (1934-1938)-NUP- 2002
Muito bom Patricia. Pena não ter a imagem do prof. Antonio Cândido naquele trecho do vídeo. A matéria ficou de um tamanho ideal. E o título dá uma enganada, só depois a gente percebe que se trata da criação da USP. Bem bacana. Parabéns! bjs. Marcia Lima
ResponderExcluirPara ficar na mesmice: Parabéns!
ResponderExcluirEste blog é cada dia melhor, consegue fazer a gente ficar babando pela história da Caetano.
Me empolga pensar, como ex-aluno, no que se pode fazer daqui pra diante, além de cuidar da preservação do nosso patrimônio histórico.
bjs. Fernando Amaral
Patrícia, mais uma vez quero lhe dar parabéns, agora público, pelo excelente trabalho do seu Blog. Eloísa Salvato
ResponderExcluirLindo trabalho, Patrícia. Somente elogios você pode receber. Parabéns.
ResponderExcluirComo faço para ter cópia de documentos de registro de minha avó GEORGETTE NACARATO filha de Dr. Pedro Nacarato e sobrinha de Aguiles Nacarato(engenheiro que projetou o 3 andar)? Se houver possibilidade envie para mim. Acho que estudou em 1910 à 1920
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