domingo, 22 de janeiro de 2012

Maria Pia de Macedo- Parte 2





Maria Pia Brito de Macedo

Nascida aos 15 de dezembro de 1921 em São Paulo é filha de 
Álvaro Liberato de Macedo e Marianna Amaral Brito de Macedo .

A família morava na Rua  Aureliano Coutinho e segundo Maria Pia na Revolução de 1924 moravam na Rua São Vicente de Paula.
Os dois irmãos mais velhos de Maria Pia eram internos do Liceu Franco-Brasileiro ,o Lycée Pasteur. Ela fez seus primeiros estudos em casa, com uma professora ( assim como seu irmão caçula) para depois , em 1934, aos 12 anos ingressar na primeira série do Ginásio.

                                         Maria Pia ( aos 6 anos) e seus irmãos em 1927


D. Maria Pia foi professora em algumas escolas, deu aulas preparatórias para os alunos que prestariam exames  para vestibulares, em 1946 após concurso vira Inspetora Federal que tem como atribuição a fiscalização de escolas secundárias. Deu aulas no curso noturno da Escola Marina Cintra e finalmente trabalhou para várias editoras como tradutora dos idiomas inglês, francês, italiano e espanhol.

                                        Turma dos alunos de 1935- acervo da escola

          Maria Pia no centro, com as colegas de turma, na época da Faculdade , na própria escola

Dedicatória do prof. Silveira Bueno, em 1938 dava aulas no ginásio da Escola, esse que foi depois catedrático em português na Faculdade de Filosofia, Ciências e letras, autor de vários livros

Dedicatória do mestre em latim Otacílio S. Barros

                                                                  continução



              Dedicatória de Nelson Motta, seu colega ( pai de Nelsinho Motta, produtor musical).


No seu depoimento, é de suma importância frisar alguns fatos:
Em 1933, assume a direção da Escola Fernando de Azevedo. Isso ocorre justamente na época em que se concretiza as reformas de ensino que tiveram sua participação quando ele era Inspetor Geral do Ensino.
O curso fundamental que antecedia o Normal, transformou-se no primário de 4 anos e ginásio de 5 anos.
Depois através de provas de admissão a pessoa iria para o Curso Normal ( que no ano de 1933 havia se transformado no Instituto de Educação) ou se quisesse ir para outra faculdade, deveria cursar dois anos de um pré-curso relacionado à Faculdade ( curso pré médico , pré-juridico, etc…) e depois faria o vestibular para a faculdade. Quando D. Maria Pia terminou a quinta série, Fernando de Azevedo já havia criado, com a ajuda de Júlio de Mesquita Filho, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, que funcionava no terceiro andar do prédio. Para entrar na Faculdade, o aluno deveria cursar uma parte no Instituto de Educação ( prof Primário, secundário) , para depois ingressar na FFCL.
No caso de Maria Pia acontece um fato curioso: foi permitido naquele ano de 1939 que os alunos vindos do ginásio pudessem prestar o vestibular para entrar diretamente na Faculdade. Isso deve-se, concluo eu, ao seguinte fato: no ano de 1938, Adhemar de Barros , na época interventor Federal do Estado,acaba com o Instituto de Educação , por pressão dos educadores católicos contrario às idéias dos escolanovistas, como Fernando de Azevedo , (que articulava um discurso que dificultava a inserção do ideário católico na formação dos professores.) e faz com que a Escola Normal surja novamente nos moldes antigos.O ano de 1939 foi um ano em que muitos professores do Instituto de Educação migraram definitivamente para a FFCL, outros foram para a Escola Normal, foi o ano de readaptação no currículo e esse deve ter sido o motivo no qual abriu-se uma excesão para aqueles joves alunos entrarem diretamente na Faculdade após o ginásio. Talvez pelo motivo também apresentado por D. Maria Pia: a necessidade de aumentar o número de alunos para a FFCL.
No ano de 1939, toda a Escola adquire o nome de Caetano de Campos ( antes era somente o primário e ginásio).




Doc. de D. Carolina Ribeira à diretora de Divisão do Ensino Secundário comunicando que daquela data em diante toda a Escola chamaria-se Escola Caetano de Campos , até a Escola Normal-dez.1939




Jornal J.P.O.P. ( Jornal Paulista de Orientação Profissional), criado por Noemy Rudolfer- 1935

Outro fato interessante é que a Escola durante 1936 e 1937 funcionou fora do prédio, por motivo da reforma de acréscimo do terceiro andar. Eu já havia localizado um documento no acervo da escola , datada de 20 de abril de 1938 e dirigida ao sr Euclydes Roxo, diretor do Ensino secundario, não assinada, falando sobre a transferência destes alunos que estavam provisioramente na Rua Marquês de Itu e estavam regressando para a sede da Escola, descrita como munido de ”magníficas instalações”, mas este fato nunca vi publicado em obra alguma sobre a Escola, com o depoimento de D. Maria Pia, esse documento ganha um peso maior.
Segundo o depoimento tratava-se das antigas instalações do Ginásio Osvaldo Cruz.

               Documento de 1938 , que comprova a ida dos alunos para a Rua Marques de Itú, 181


D. Carolina Ribeiro, a diretora do primário ( entre 1935 e 1939 e que assume a direção de toda a escola em 1939 após a saída de Fernando de Azevedo) de religião católica, era muito religiosa.
Contrária às idéias escolanovistas de Fernando de Azevedo, assim como o diretor do secundário Antonio Firmino de Proença, introduzem nesses cursos as aulas de religião católica ( em 1931 Getúlio Vargas expediu um decreto facultando o ensino religioso nas escolas públicas, o que foi proibido em São Paulo , apesar disso essas aulas começam a acontecer dentro do primário e ginásio no final da década de 1930.
Outro fato interessante: ao indagá-la se tinha alguma informação sobre uma escola particular chamada Ginásio Caetano de Campos, que na década de 1940 funcionava na Rua Augusta, ela confirmou sua existência, pois passava em frente ao estabelecimento ao levar um de seus filhos para a escola que ficava na mesma rua.
Nessa escola dava aulas um professor ( que também dava aula na Escola Caetano de Campos), Salomão Becker e que foi o criador oficial do dia do professor, iniciado aos 15 de outubro de 1947 naquele estabelecimento.

                                                                         Por Patrícia Golombek

Fonte: Evangelista, Linda- A Formação  Universitária do Professor- Editora Cidade Futura,2002
Cre Mário Covas- documentos e fotos do acervo da escola

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