quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

São Paulo daquele tempo

                                       Por Jorge Americano- aluno do Caetano de Campos em 1898


Chegamos à Praça da República. Era um descampado, ora poerento, ora enlameado,conforme a época do ano. Havia três casas principais, a do senador Adolfo Gordo, na esquina da Rua Timbira, a do Leite Penteado, na esquina da Rua Ipiranga co a 24 de maio, e a do Vieira de Carvalho, na esquina da Rua Vieira de Carvalho, ainda estreita.
A grande árvore que está ao centro da rua, onde há o bronze de um índio rastejando, estava dentro da Chácara Vieira de Carvalho.
Num lado da Praça, a Escola-Modelo Caetano de Campos, recém construída, com dois andares. O terceiro foi acrescido depois de 1930.



Na praça armavam-se rodas-gigantes e circos de cavalinhos giratórios, tocados a vapor.
Armavam-se também circos de espetáculos.
De um, eu guardo recordação forte. Depois do palhaço, dos macacos, do cachorro ensinado, da amazona, dos ginastas, passou-se à segunda parte, a pantomima.


                                                      Desenho feito por Jorge Americano


Trouxeram lona impermeável que estenderam até as muretas à beira da arena. Jorravam água dentro da piscina, assim preparada.
Uma ponte de madeira atravessava a piscina, e por ela veio passando todo o pessoal do circo. No centro da ponte estourou uma briga, e todos caíram n” água, inclusive um policial, dentre os comparsas, vestido de roupa de borracha estofada, que o fez flutuar. A noiva, que fingia afogar-se, montou nele para se salvar.

Depois veio a Montanha russa, que deu vertigens e vômitos em muita gente.


                                                        Praça da República séc XIX


Ali por 1902 a Praça da República foi cercada de arame farpado. Vieram carroças, removeu-se terra daqui para ali, fizeram o lago, plantaram árvores, gramaram canteiros, e numa tarde de Ano Bom, com banda de música, foi inaugurado o jardim, com a presença do Presidente do Estado e do Prefeito.




Ajardinada, a Praça da República, ao cair da noite, depois do jantar, tornou-se ponto de reunião das famílias dos Campos Elíseos, Vila Buarque e Higienópolis.
Mais tarde ( 1910 mais ou menos) criou-se o hábito dos sábados pré-carnavalescos, que começavam no Ano Bom e terminavam no ultimo sábado do Carnaval.

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